quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mais um Punhado de Versos Doentes

Eu existo análogo à existência,
Persisto pelos ossos da tangência,
Respirando a rouquidão da minha alma,
Em troca da ilusão que traz a calma,

Pois minha vida é simplesmente afasia,
Repetidos anátemas frios e sem melodia,
Da falha corriqueira à prisão da fala,
É a inalcançável realidade que me cala,

Perpetuamente, e me coloca defronte,
À eterna falta, uma dívida sem horizonte,
Que guia minha psique direta ao Aqueronte,

E eu não sei em qual degrau sucumbirá,
A Minha vontade. Talvez o que triunfará,
Será apenas o canto macabro de Caronte.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Da Escrita Doente

Da Escrita Doente

O vácuo que paira entre a falta
E a certeza, me desfaz com destreza,
Quando minha escrita se mostra incauta,
Para o medo do modo como a Natureza

Dilacera o epicentro da minha vida,
Declarada nesta estética da contrapartida,
Pois eu bem sei, meu caminho é só de ida,
E minhas ideias obscuras, de origem sofrida.

E se toda anomalia que, configurada
Página a página, torna minha vida amarelada,
Simplesmente pudesse ser quebrada?

Certamente eu não saberia o que fazer.
Afinal, eu sou aquele que aprendeu a conviver,
Com a solitude da profissão de escrever.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Poemeto com Final Feliz

Poemeto com Final Feliz

Eu sinto meu peito pulsar uma canção,
Que, momentaneamente, afoga a aflição,
Tão característica do meu verso doente,
Pois bem sei, deles sou o mais descrente.
Contudo, este dia que nasce é diferente,
Traz cor à minha palidez de poeta ausente!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma Canção Desastrosa

Uma Canção Desastrosa

Sou o substrato da fuligem nua
Que compõe a métrica vazia desta rua
Pois a dúvida nasce, novamente, aborrecida
Em meus nervos de tonalidade adoecida

E são sempre as mesmas palavras assombradas
Que eu enfileiro nestas linhas empoeiradas
Para a problemática eterna que me sustenta
É, pois, a tristeza é maior que aparenta

Ser, nestes fragmentos dedicados a não existência
De lápides para o que enterrei com veemência
Talvez por isso ainda existam espíritos tortuosos
Aqui ao meu lado, sussurrando dizeres viscosos

Sobre a vida errante e nefasta que me corta
Quando a noite nasce e o desespero bate à porta
Não há rito ou liturgia para a ínfima cosmogonia
Que conduz a dialética insuficiente da minha agonia.

Introspectivo. Demasiado Introspectivo

Introspectivo. Demasiado Introspectivo

“... este é um livro póstumo... escrito para os de espírito livre..."

Esta hidrocefalia não é tão acidental,
Veste minha virtude com certa liquidez proposital,
Se minha epanalepse é amoral, por que insisto
Em criar mais este verso onde não existo?

Eu desconstruo as palavras, ora por gosto,
Ora por não ter um rosto. Mais uma vez,
É a ínfima congruência que me escala,
Do medo e suas larvas. Meu caixão continua exposto,

E eu sigo sem entendimento, minha doença
É o confinamento de tantos e tantos poemas
Que não possuem destino, ouvinte ou crença,
Em meu calabouço mental, eis a cerebrastenia e seus emblemas.

Eu sou sempre meu assunto sem final,
E a anartria nunca é especial, principalmente
Quando me encontro nesta sala, inerte e descontente
Com a celebração da minha cerebração, tão insuficiente
[para o velho espelho de sempre]

- E assim prossegue a maldição.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Haikai Para Uma Noite Insone

Haikai Para Uma Noite Insone

Eu sou onde não existo
Insistindo onde não sou
Escrevo porque persisto
Da essência que me restou.

domingo, 20 de setembro de 2009

Pequenas Considerações para Grandes Acontecimentos

Enquanto a insônia me domina... eu escrevo.


Pequenas Considerações para Grandes Acontecimentos

A madrugada sangra melodias de primavera,
Mandando cartas para sombra da quimera
Austera, que toda minha poesia carrega, pois,
Nestas linhas, hoje, é a felicidade que congrega,
Dos meus devaneios doloridos à total entrega...
Ah! Quanto tempo a esperança não me carrega!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Da Eterna Procura

Acabei de escrevê-lo...

Da Eterna Procura

Serão meus dedos apodrecidos,
Justificativas para estes versos adoecidos?,
Se meus espelhos quebrados e catalépticos,
Refletem apenas os gritos epiléticos,

Do egoísmo demasiado histérico,
Que carrego neste caminho poético,
Entre a carne e o verbo exotérico,
Reside a realidade e seu corte hemisférico.

Já a efemeridade do desejo amanhecido,
Ressalta a repetição pronominal a que convivo,
Pelos buracos do meu Eu escurecido,
A estas linhas de caráter lascivo,

Eu sigo procurando o aspecto lírico,
Dos meus poemas insolúveis e esquisitos,
Afinal, aqui não há nada de empírico,
Apenas considerações dedicadas aos mosquitos.

domingo, 13 de setembro de 2009

Escatologia para uma Noite Minguante

Escatologia para uma Noite Minguante

Eu calculo as minhas falhas
Sempre em primeira pessoa,
Fazendo cortes nas mortalhas
Evocando o pus que ecoa

Da eterna ferida que marca,
Meus poemas gastos com farpas.
E o sangue que escorre e ultrapassa,
Faz do inverno uma enantema sem graça,

Da garganta até a alma rasgada
Eu e minha sombra formatada
O mesmo caminho em digressão
Ao pântano das idéias abortadas

Eu. Minhas falhas, a fala escassa
E a fuga para a metástase da falta
Que marca, em mim, verdades com diáspora
Entre os respiros do artigo e da metáfora,

Eu sigo adoecendo pouco a pouco,
Mais uma noite descrevendo o verso rouco
Que mora
em mim.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Da Eternidade Poética

Escrito agora...

Da Eternidade Poética

O vazio que me corta é amarelo
Feito com o sangue das flores
Dos meus suspiros nascem dores
Alimentadas com o suor e o farelo

Destes ossos poéticos desfigurados
Que abraço com sonhos assombrados
E teimo em externar pedaço a pedaço
Neste papel-velório que carrego pelo braço

Onde traço meu trajeto solitário
Sou aquele de aspecto demasiado mortuário
Solidário com a falta e sua imposição

Afinal, minha memória é tal qual um caixão
Robusta, fria e carrega uma maldição:
Escrever poemas [sempre] em decomposição!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Poema Antigo

Poema Antigo

Hoje vou trair a solidão
Com a embriaguez de meus sonhos rasos
Arrancando da alma a rouquidão
Em troca de alguns poucos aplausos

Para minhas pragas cultivadas em mortalhas
Laminadas em esperança sem calor
Eu celebro histórias derrotadas
Pois a melodia dos restos é sem sabor

Sob meus pensamentos ressecados
Sobras de sombras atormentadas
Que justificam meus pecados

Em nome da calma não retratada
Neste meu encalço,
De criar uma poesia sem passos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um Verso Zumbi

Um Verso Zumbi

De todas as almas recombinantes,
A minha é a consoante,
Que intercala o vazio pretenso,
Dia após dia sem argumento,

Para o caminho só de ida,
Do meu desejo que sei, nunca se realiza,
Somente falta, tal qual minha vida,
Representada nestas neuronas doloridas,

Por mais que eu queira, nunca esqueci,
Sou apenas o signo de um verso zumbi!

domingo, 6 de setembro de 2009

Talvez Seja Assim Mesmo

Um verso feio que dedico para este domingo feio...

Talvez Seja Assim Mesmo

Se o meu agora já não pode ser
Do futuro eu espero um 'nem sei'
Do pronome faço predicado
[Pro passado
Mais que um pretérito afogado, pois

Meu pleonasmo é pleno e
Ardilosamente o visto com o enterro
De umas quatro ou cinco meninas mortas
Que ainda perambulam em algumas das aortas
Minhas. Com muito desespero
E como sempre um pouco de exagero
Da minha parte. E o exaspero
Também faz parte...

Da beleza que não possuo
Do verso que não recuo
Da fobia que transformo em arte (?)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Poemeto Para Esta Noite

Dos meus dedos escapa a escuridão,
Pois hoje vou trair a solidão,
Afinal, eu tenho o mais nobre motivo:
Contemplar, novamente, o teu belo sorriso.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sobre o Fenômeno do Real




"O real é aquilo que não é o que eventualmente dele pensamos, mas o que permanece não afetado pelo que possamos dele pensar."

Charles Sanders Peirce