terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mais Uma Noite...

Mais Uma Noite...

Então encontro meu vazio nesta sala,
Novamente é tua falta que me escala,
Trazendo pro peito uma dor desmedida,
Da escuridão que alimenta minha ferida

Etérea, na sordidez vencida a medicina
Que propago é oblíqua, pois sou a carnificina
Desenfreada e abusiva de minhas sombras corroídas,
Propago, pois, um livro de teorias vencidas.

Pra cada hora vivida eu enterro um poema,
E sigo assim colhendo os restos do meu credo,
Inexistente. Aqueles mesmos edemas descrentes,
Dedicados aos doentes de berro em berro,

E o desconforto toma conta dos meus dias.


Mais um poema que estará presente no livro Poemas Noturnos(no prelo)

domingo, 22 de novembro de 2009

História Deslocada

Sob a égide do desgosto,
Figura o fantasma sem rosto,
[Entre verdades suturadas]
Das minhas falhas amarguradas,

Que concatenam a terrível situação,
De descrever a própria vida em putrefação,
Um ato certamente frio e repetido,
Interessante somente ao que é esquecido,

Afinal, é meu livro, um cemitério,
De signos sujos e sem critério,
Delego audácia apenas ao mistério,
De ser o poeta cego e sem hemisfério.

Pois, das memórias mortas que trago,
Estas são as de maior estrago,
Certamente a distância é a ânsia
O interlúdio para o sangue não coagulado.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dez Versos Para a Noite que Vem

O vértice das minhas tardes,
Esconde-se entre as carnes,
Que figuram neste livro morto,

Onde, sigo escrevendo torto,
Tragédias por todas as partes,
Cravando, no papel, a figura de Hades.

Nos Campos Elíseos, o conforto,
Uma parte límpida em meio ao Lodo,
. . . Eis a ilusão insípida dos frades,

- Que habitam estas linhas com assombro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Notas para o Verme Interior

As anomalias do meu cérebro,
Resguardam tal qual Cérbero,
Todo inferno neuronal deficiente,
Que congrego, mais uma vez, doente,

A este assomo poético inexperiente,
De caráter goético e inexistente.
Pois meu sangue lírico é agramatical,
Um corpo sem signos, errante e espectral,

Que repete a dicotomia da tristeza,
Frente ao descaso, com assombro e destreza.
“Se retrato a vida funesta como beleza primeira,
Certamente sou o monstro da Moral rameira.”

(...)

E assim meu esqueleto segue amargurado,
Porém sem medo de ser o último significante representado,
Nestas Memórias Póstumas destinadas à deterioração.
Afinal, a morte tem a própria morte como redenção!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quando Baphomet Adormece

A serpente da desgraça me persegue,
Encarnando o veneno na dúvida, consegue
Transmutar o vazio lúgubre da minha alma
A este pântano que concerne todo trauma,

Da vivência adoecidamente conturbada,
Que trago entre a episteme deformada,
E estes relatos notoriamente precários.
São, pois, meus olhos manuais mortuários,

Para todo o assombro fugaz e repetido,
Deste meu caminho dialético e adoecido,
Adormecido pelas forças em oposição,
Que dito a cada passo com rouquidão,

A cada passeio que faço pelos cemitérios
Da humana evolução. Viscosa e sem critérios,
A inexpressão destes ossos [liricamente] é meu mérito,
Pois sei, lápides são dedicadas ao coágulo do pretérito.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Hoje o Blog está de Luto


Pois é, hoje não postarei nenhum poema. Escreverei aqui algumas poucas e humildes palavras sobre talvez um dos últimos grandes pensadores que ainda circulavam neste nosso plano.

Talvez, hoje em dia, pouca gente se importe com este senhor que falecera hoje. Porém, Claude Lévi-Strauss redefiniu a forma de se pensar o ser humano e suas relações. O célebre livro "Antropologia Estrutural" forneceu novos parâmetros para se pensar a Psicanálise pós-Freudiana (Jacques Lacan), a Semiótica/Semiologia, a Sociologia, e claro a Antropologia, que era sua área de estudo, além de uma infinidade de contribuições. Enfim, uma grande perda intelectual e humana. Aos 100 anos recém completos ele ainda dava aulas e pequenas conferências. Bom é isso, o cara que redefiniu o conceito de "mito", hoje, torna-se um.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Poema Bastardo

Sou um livro morto
Sem gravura ou esboço
Não possuo página nem rosto
Meu sumário é escuro e oco

Apenas insetos habitam meu corpo
Póstumo, vazio e fosco
Eis a tríade do desgosto
Sangrada da garganta até o dorso

Com gosto,
Cada capítulo representa um osso
Perdido pelo ausente
Exposto em notas
Costuradas da alma até o fosso

Das idéias intermitentes
Edificadas pelo esboço
De minhas falhas existentes
Eis a contracapa: A morte do esforço.

Afinal, sou um livro morto.

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Este poema estará no meu livro "Poemas Noturnos", dizem as más línguas, ou as boas, que ele sairá em Novembro.