terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobre o Espectro Em Minha Casa

A esfinge do desgosto aplaca minha virtude
Numa espécie de putrefação fria e inconsistente,
Quisera eu, demônio amorfo e adjacente,
Que a veemência do fim conquistasse a inquietude,

Todavia, o silêncio ancestral é aquele que corta
A minha sintaxe adoecidamente corrompida e romântica,
Da afasia sentimental a esta solidão quântica,
O sangramento é sempre na mesma aorta,

E a dor é sempre signo de outra dor,
Da realidade carrega apenas o odor,
Gradativamente rutilância após rutilância,

Pois o fim é apenas o retorno pretenso
Ao monismo visceral, inumano e extenso
Que descrevo, tacitamente, falando apenas de distância.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Poema Surreal Sobre Nós Psíquicos Desatados Ou Apenas Mais Um Poema Fálico

Desatando Nós Psíquicos
Ou Apenas Um Poema Fálico.


A língua suja
o Holocausto diário
pulsão intrasangüínea rumo a morte
real-idade(s) promulgadas pelo corte

Um brinde àquelas insepultadas vozes
Vaginas vulgares rechaçadas
O portal para a vida é dilatado
.
.
.

O corpo torto
A carne mole
O nexo e todas suas verminoses

Sintaxes repetidas
Anversos repelidos
Anteversos subestantesvivos

Um ah!braço indefinido
E a melodia surrada dos corpos
Um par de olhos para medusa

A dança cansa
A música adoece
E o sis.teima
Entre o sonho que queima
E a realidade que se faz das cinzas

A Coisa que doi
que vive
que morre
e que goza
.
Isso mesmo a coisa goza!
.

é sempre e nunca talvez sobre outra COISA.
Esta em maiúsculo.


[8===D]

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Exurgent mortius at ad me venient

Esta parataxe sentimental é ineficaz
Tal qual a lápide em minha morada,
Pois a assepsia que jaz ancorada
Em meu vazio é a saudade que traz,

Da face sem sombra, tangenciada e crua
Ao desgosto e sua hermética insígnia suja,
Eu conjuro o círculo cataléptico cuja
Sensatez adormece... Naquela mesma rua,

Então proponho uma dança aos fantasmas
Que entoam o mantra dos meus quiasmas
Concatenamento a falha sempre no singular,

Eu dou cabo ao meu fim entremeios,
Necromantizando todos os (mesmos) receios,
Pois é sempre a angústia que pulula na jugular!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Da Ínfima Procura

Dos conclaves esquecidos de Cipriano
Aos cinco tomos malditos de Salomão
O esoterismo apócrifo é a sofreguidão
Que amálgama a dor de mais este ano

Entoado por entre bosques pútridos
Procurando algum signo de alma oca
Que aplaque o gosto de terra da boca
Afastando-me destes defuntos túrgidos

Pois o que conjurei foi além
Da goetia do meu desejo aquém:
Não caminhar mais entre a clausura

Do senti[me]nto[do]; uma espécie de abismo
À injunção que atesta o meu sofismo
[Afinal] A minha peste segue sem rasura.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma Alegoria Para As Almas Desgraçadas

Eu traço meu traço nas vísceras de Zeus
Buscando escapar da Tristeza em ascensão,
Destas almas, deste pântano em decomposição,
Dos ditames repetidos deste vazio sem adeus,

[quando]

O rastro de Teseu segue em disartria
Tal qual esta poesia sem heroismo, [que]
Alinhada à necromancia e ao solipsismo
Concatena a falta plena em sua oligarquia,

Uma espécie de ensejo para o fracasso
Veemente, que a cada sina torna vociferante
A vontade de coagular o meu sangue vibrante
Nestas linhas amassadas de fulgor escasso,

E da indiferença inerte faço hemodromômetro,
Pois não há mais que veneno nas artérias,
No extremo de minhas feridas etéreas
Há apenas o mercúrio e o termômetro,

Da minha sorte de Minotauro, o agouro
Para o solífugo futuro do enterro preterido,
O torpor que, julgava eu, havia me esquecido,
Amaldiçoa novamente as rugas do meu couro,

Assim a hanseníase sentimental segue solferina,
Reavivando a enomancia libertina que [eu] proponho,
Pois o antônimo do meu fim é litúrgico-enfandonho
Feito a ossatura nua da vontade uterina.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Versos Para A Catacumba Violada

Sob os destroços da epiderme falecida
A verdade segue seu comboio mortuário,
O anverso da poesia-óbito já não é páreo
Para a fermentação desta carne apodrecida,

E, ainda assim, a sordidez encontra conforto
Na liturgia obscura do desacordo sangüíneo,
Não há lápide para o traço apolíneo
[Quando] o Submundo é uma espécie de porto,

Sucumbindo ao braço do grimório de Hades,
Amaldiçoando a benção de mais de mil frades,
Esta romaria desesperada segue sem eco,

Ai! Que o vazio incólume busca o suicídio
Da verborragia ilícita enquanto dissídio,
Pois [Eu] sou o pronome que peco.

domingo, 7 de novembro de 2010

Jubileu e Martírio Contra os Muros

Réplicas cintilantes
Num vazio não especificado
Fomentam nossas conversas tolas
E não sei escutar
Sobre sua vida tão agitada
Cheia de idas e vindas
De crepúsculo em crepúsculo
Mãos frívolas rumo ao luar.

Eu consumo sempre o mesmo abismo
Não conseguindo escapar
De minhas farpas
Contigo, de madrugada
Do outro lado sangrando o passado
•... é quando minhas retinas falecem
E eu nem sei mais como usar
Os pronomes
Os poemas
Esperando-te
aflito, sob fonemas.
A minha vulgaridade disfarça
Cada gota frustrada
De vontade entre as vértebras
Disparidades conexas...

[vontade]

É, nossas vidas seriam diferentes
Como um cemitério sem estrelas
Como este frio em dezembro.

E eu sempre nego teu nome
Mesmo sabendo que
Cada espelho da manhã
Contém o orvalho da tua alma.

Não me convém tentar repentinamente
Afinal, é cômodo
Sentar-se e lograr o finito
Demasiadamente ríspido
Entre rochas e mãos atadas...

Pois bem, o destino aplicou seus golpes
E eu durmo novamente
Pensando em como faço
Pra recolher-me
Em teus braços.

Escrevi este poema há algum tempo. Demorei a postá-lo devido ao conteúdo demasiado pessoal. Todavia, as palavras são atemporais, tal qual o mistério e o sentimento que engolfam estes versos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pequenos Infernos Cotidianos

A morfologia da impossibilidade atenta
Ao fracasso do meu conjunto de elegias,
O predicado culposo é o que sustenta
A imensidão destas noites sem alegorias,

Quando me perco de minhas próprias intenções,
Postergando mais este vazio azul-preconizado,
A fulgura morta é a pior das invenções,
Pois atesta o negrume agreste deste postulado,

E eu desfiguro aquilo que me desfigura
Procurando igualdade entre a vala e a fissura,
Para, quem sabe, afastar o medo da conjunção,

Afinal, nas ruínas fogosas de Ifrit jaz
A animosidade, o desejo enquanto capataz,
Dos segredos que não enganam a canibalização.