sexta-feira, 24 de junho de 2011

Das Minhas Nulidades

Eu coaduno a antífrase da existência
Híbrida dos meus sonhos mazelados,
Destacando entre os corvos sepultados
A dor que já não é reminiscência,

Pois irrigamos, com sangue, o milharal,
Afogando mais esta forma de vida,
O verso é insuficiente para a partida
E ser sombra é apenas circunstancial,

A busca vai além deste bosque amaldiçoado,
Não há mais medo para o demônio refratado,
(...) Eu assassino as metáforas do universo,

Assim alimento o Horror com a plenitude
Denotativa dos meus erros em latitude,
Eu ainda sou o mesmo fantasma disperso.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Repetindo A Moléstia de Outrora

Eu aponto para as falhas
Com a melancolia de Procrusto,
Da embolia deste medo augusto
Ao ato repetido das mortalhas,

"A existência compele a execução
Desta necrofagia sem ritual
Quando o desconforto é habitual
E veste a vida com rouquidão"

Ainda há o festejo da coalescência,
Ínfima, dolorida e sem audiência,
Das colinas de Elêusis para o singular

Trajeto do verso diametralmente corroído,
Mais um sigma crescente não ocorrido,
Simplesmente não sei mais como me aviltar!

sábado, 11 de junho de 2011

One Moment Away

"... e o pântano profundo e lamacento, a meus pés, fechou-se, lúgubre e silentemente, sobre os destroços do Solar de Usher"
Edgar Allan Poe

Madeleine e a melancolia hirta e fantasmal,
Aturdem o ébrio e convalescente caractere
Da sombra daquele solar frígido que fere,
Com maldade, a alteridade do sufixo ancestral.

As doze batidas da manhã em ossatura,
[Uma linhagem inteira destinada ao calabouço]
Para cada hora do dia um medo que não ouço,
Pois que esqueci minha existência nesta estrutura;

"E cultivo minha maldição em dipsomania
A hereditariedade me transformou em forma
Sem fôrma, em monstruosidade que informa
À eternidade que, para ela, não haverá elegia"

Haverá, sim, a finitude deste Palácio Assombrado,
Então brindemos à nulidade prematura de sir Roderick!
Que espera, em hiato, que a decadência fique
Instaurada na carniça hematófaga do precipitado.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Aviso Para a Acrópole Invertida

Eu cavo buracos de anfisbena,
Repetindo a moléstia de outrora,
A dor é a aurícula que revigora
A cegueira que acalma e concatena
A Hecatombe da Argos micênica
Que carrego por entre minhas derrotas.
Eu vou além e visto as minhas botas,
Feitas com o torpor da vontade mnêmica.
Vontade de ser este sacrifício para Hermes,
Vontade de ser algo que valha para os vermes,
Vontade de ser a vantagem para alguém...
Eu sou aquele que não foi celebrado,
O medo panóptico, o resíduo, o relegado
Aos umbrais do Tempo que não convém.