domingo, 27 de fevereiro de 2011

Clausura

A hematofagia do olvido persiste
Em postular o vazio concatenado,
Enquanto o verso prossegue condenado,
A ovulação do medo nos assiste,

Uma espécie de expecta-do[r]-ação,
Aquela mesma tríade entorpecente;
O signo, a assombração, o incongruente
Laço uníssono da lasciva com.pulsão,

O específico torna sigma o destino,
Quando o tempo é torpor em desatino,
A normalidade descende do negativo,

Do não existir além da folha.
A completude não possui escolha
Pois segue o comboio do velório altivo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Torniquete Atenuado

O Torniquete Atenuado

"O universo desta noite tem a vastidão
do olvido e a precisão da febre"
Jorge Luis Borges


Eu quero lembrar o esquecimento
Para poder, enfim, esquecê-lo,
Ou tentar, ao menos, aquecê-lo
Quando a possibilidade encontra o detrimento,

A solitude é sinuosa e não aplaca
A dor do verso indômito e recuado,
Da universalidade que é apenas postulado
Ao medo de tornar-me dependente desta cloaca

Sentimental, tal qual a condição remática
Do fracasso e toda sua precisão dramática,
Eu relego aos meus fins apenas a Icarização...

Eu quero uma noite para chamar de minha,
Eu quero não querer mais a cor mesquinha
Do estrago e seus vôos em calefação.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Histórias Mortas

Eu compilo as minhas distâncias
Numa espécie de caixão asmático,
Reiterando o ausente plasmático
Desta vida repleta de rutilâncias,

Assim, assino o fracasso com minha sina:
Caminhar entre o silêncio residual,
Molestando demônios pelo prazer habitual
De eternizar a sutileza que assassina,

Quando a esperança espera morta
A virtude que não bate à porta,
O gesto fúnebre é sempre tentativa,

É alternativa à sodomia de existir
Entre o verso gangrenado e ainda resistir
À tristeza que não possui prerrogativa.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Solve et Coagula

Eu faço do excesso a navalha,
Que tenta, mas não exorta o Passado
Da alma, do lirismo, do estragado
Gesto vascularizado de respirar a mortalha

Daquele antigo nome em arritmia,
Que intimida o ritmo do meu íntimo,
A derrota é o algoritmo ínfimo,
Quando o vazio é a algolagnia

Da concretude do verso rendido.
Eu redireciono o escárnio existencial
Procurando coágulos na paz vertiginal,
Consumindo, assim, o abraço perdido

Da catarse que não acontece.
A posologia que recorro é incerta,
-Um quarto de saudade que fere e aperta-
Pois a dor é o signo que prevalece.