sábado, 25 de dezembro de 2010

Mais Uma Injúria Afásica Para Os Pronomes Em Primeira Pessoa

Ironicamente o sobressalto da noite
em toda sua plenitude rouba
a inocência que, obviamente, não poupa
os meus ossos do açoite

veemente dos demônios da degradação,
são tantas vozes sem sepultamento
que vou além do mero apodrecimento,
repetindo os signos da condenação

deste meu enredo cinzento-ancestral.
Eu preencho a lacuna do medo
que fica evidente a cada segredo
circunscrito no amplexo amoral

perdido entre o arrependimento amanhecido
que cravo na intermitência da Vida.
Mais que uma alcova, esta é a saída
para quem carrega o orgulho arrefecido.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Defuncti Injuria ne Afficiantur

"Eu sou a sombra e minha morada está perto das Catacumbas de Ptolemais, junto daquelas sombrias planícies infernais que orlam o sujo canal de Caronte"
E.A Poe


E serão sete as almas dedicadas
Ao submundo dos meus sonhos,
E sete serão os sacrifícios tristonhos
Para acalmar tantas vísceras aclamadas,

E serão duas, e apenas duas, as perdições
-Eu e minha sombra corrompidamente fria-
Deslocando-se entre a opulência e a apatia
Da Doença em suas inúmeras transfigurações,

Para o meu verso, ineficácia é o que peço,
Quando a sofreguidão não faz recesso,
A monstruosidade é pertinente ao afeto,

Que, de credo em credo, canto em desalento,
Pois a incompletude deixou-me apenas o talento
Enfático de lograr minhas mortes. Quieto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ode à Tânatos

O caminho sem penumbra é entrópico
Pois a plenitude do vazio constitui
O idealismo rouco que permeia e que flui
Pela eternidade deste corpo utópico

Quando a humanidade adoece, o regresso
À animosidade das coisas é considerado
Um caminho lúgubre, porém vociferado
Afinal a veemência do fim está no processo

Insalubre dos ditames da foraclusão
Apenas um ditirambo a mais em profusão
Para a tragédia interpessoal que congrego

Assim, a insuficiência consome o segredo
Para além do retraído gosto do medo...
SER para a morte é o signo que carrego.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Proeminência da Falha

O ritmo do mundo é anamórfico,
Tumultua o túmulo dos meus vultos,
Entre a voz de todos estes insultos,
Resigno-me à sombra do lupanar mórfico,

Desta colheita de mandrágoras enfraquecidas,
À evolução ovulada em movimentos elípticos,
Os ditames são suntuosamente apocalípticos,
Carregam um punhado de perturbações ensandecidas,

E a cada hora externada sem extensão,
Procuro o jugo que me julga preferido,
Pois que o tomo da aflição não é preterido
À catarse ultrajante que adorna a sujeição,

De todos os meus versos sujo-errádicos,
Os despetalados são os de pior simetria,
Cultuam uma espécie de lesão em disartria;
Um punhado de lucidez em signos esporádicos.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sobre o Espectro Em Minha Casa

A esfinge do desgosto aplaca minha virtude
Numa espécie de putrefação fria e inconsistente,
Quisera eu, demônio amorfo e adjacente,
Que a veemência do fim conquistasse a inquietude,

Todavia, o silêncio ancestral é aquele que corta
A minha sintaxe adoecidamente corrompida e romântica,
Da afasia sentimental a esta solidão quântica,
O sangramento é sempre na mesma aorta,

E a dor é sempre signo de outra dor,
Da realidade carrega apenas o odor,
Gradativamente rutilância após rutilância,

Pois o fim é apenas o retorno pretenso
Ao monismo visceral, inumano e extenso
Que descrevo, tacitamente, falando apenas de distância.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Poema Surreal Sobre Nós Psíquicos Desatados Ou Apenas Mais Um Poema Fálico

Desatando Nós Psíquicos
Ou Apenas Um Poema Fálico.


A língua suja
o Holocausto diário
pulsão intrasangüínea rumo a morte
real-idade(s) promulgadas pelo corte

Um brinde àquelas insepultadas vozes
Vaginas vulgares rechaçadas
O portal para a vida é dilatado
.
.
.

O corpo torto
A carne mole
O nexo e todas suas verminoses

Sintaxes repetidas
Anversos repelidos
Anteversos subestantesvivos

Um ah!braço indefinido
E a melodia surrada dos corpos
Um par de olhos para medusa

A dança cansa
A música adoece
E o sis.teima
Entre o sonho que queima
E a realidade que se faz das cinzas

A Coisa que doi
que vive
que morre
e que goza
.
Isso mesmo a coisa goza!
.

é sempre e nunca talvez sobre outra COISA.
Esta em maiúsculo.


[8===D]

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Exurgent mortius at ad me venient

Esta parataxe sentimental é ineficaz
Tal qual a lápide em minha morada,
Pois a assepsia que jaz ancorada
Em meu vazio é a saudade que traz,

Da face sem sombra, tangenciada e crua
Ao desgosto e sua hermética insígnia suja,
Eu conjuro o círculo cataléptico cuja
Sensatez adormece... Naquela mesma rua,

Então proponho uma dança aos fantasmas
Que entoam o mantra dos meus quiasmas
Concatenamento a falha sempre no singular,

Eu dou cabo ao meu fim entremeios,
Necromantizando todos os (mesmos) receios,
Pois é sempre a angústia que pulula na jugular!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Da Ínfima Procura

Dos conclaves esquecidos de Cipriano
Aos cinco tomos malditos de Salomão
O esoterismo apócrifo é a sofreguidão
Que amálgama a dor de mais este ano

Entoado por entre bosques pútridos
Procurando algum signo de alma oca
Que aplaque o gosto de terra da boca
Afastando-me destes defuntos túrgidos

Pois o que conjurei foi além
Da goetia do meu desejo aquém:
Não caminhar mais entre a clausura

Do senti[me]nto[do]; uma espécie de abismo
À injunção que atesta o meu sofismo
[Afinal] A minha peste segue sem rasura.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma Alegoria Para As Almas Desgraçadas

Eu traço meu traço nas vísceras de Zeus
Buscando escapar da Tristeza em ascensão,
Destas almas, deste pântano em decomposição,
Dos ditames repetidos deste vazio sem adeus,

[quando]

O rastro de Teseu segue em disartria
Tal qual esta poesia sem heroismo, [que]
Alinhada à necromancia e ao solipsismo
Concatena a falta plena em sua oligarquia,

Uma espécie de ensejo para o fracasso
Veemente, que a cada sina torna vociferante
A vontade de coagular o meu sangue vibrante
Nestas linhas amassadas de fulgor escasso,

E da indiferença inerte faço hemodromômetro,
Pois não há mais que veneno nas artérias,
No extremo de minhas feridas etéreas
Há apenas o mercúrio e o termômetro,

Da minha sorte de Minotauro, o agouro
Para o solífugo futuro do enterro preterido,
O torpor que, julgava eu, havia me esquecido,
Amaldiçoa novamente as rugas do meu couro,

Assim a hanseníase sentimental segue solferina,
Reavivando a enomancia libertina que [eu] proponho,
Pois o antônimo do meu fim é litúrgico-enfandonho
Feito a ossatura nua da vontade uterina.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Versos Para A Catacumba Violada

Sob os destroços da epiderme falecida
A verdade segue seu comboio mortuário,
O anverso da poesia-óbito já não é páreo
Para a fermentação desta carne apodrecida,

E, ainda assim, a sordidez encontra conforto
Na liturgia obscura do desacordo sangüíneo,
Não há lápide para o traço apolíneo
[Quando] o Submundo é uma espécie de porto,

Sucumbindo ao braço do grimório de Hades,
Amaldiçoando a benção de mais de mil frades,
Esta romaria desesperada segue sem eco,

Ai! Que o vazio incólume busca o suicídio
Da verborragia ilícita enquanto dissídio,
Pois [Eu] sou o pronome que peco.

domingo, 7 de novembro de 2010

Jubileu e Martírio Contra os Muros

Réplicas cintilantes
Num vazio não especificado
Fomentam nossas conversas tolas
E não sei escutar
Sobre sua vida tão agitada
Cheia de idas e vindas
De crepúsculo em crepúsculo
Mãos frívolas rumo ao luar.

Eu consumo sempre o mesmo abismo
Não conseguindo escapar
De minhas farpas
Contigo, de madrugada
Do outro lado sangrando o passado
•... é quando minhas retinas falecem
E eu nem sei mais como usar
Os pronomes
Os poemas
Esperando-te
aflito, sob fonemas.
A minha vulgaridade disfarça
Cada gota frustrada
De vontade entre as vértebras
Disparidades conexas...

[vontade]

É, nossas vidas seriam diferentes
Como um cemitério sem estrelas
Como este frio em dezembro.

E eu sempre nego teu nome
Mesmo sabendo que
Cada espelho da manhã
Contém o orvalho da tua alma.

Não me convém tentar repentinamente
Afinal, é cômodo
Sentar-se e lograr o finito
Demasiadamente ríspido
Entre rochas e mãos atadas...

Pois bem, o destino aplicou seus golpes
E eu durmo novamente
Pensando em como faço
Pra recolher-me
Em teus braços.

Escrevi este poema há algum tempo. Demorei a postá-lo devido ao conteúdo demasiado pessoal. Todavia, as palavras são atemporais, tal qual o mistério e o sentimento que engolfam estes versos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pequenos Infernos Cotidianos

A morfologia da impossibilidade atenta
Ao fracasso do meu conjunto de elegias,
O predicado culposo é o que sustenta
A imensidão destas noites sem alegorias,

Quando me perco de minhas próprias intenções,
Postergando mais este vazio azul-preconizado,
A fulgura morta é a pior das invenções,
Pois atesta o negrume agreste deste postulado,

E eu desfiguro aquilo que me desfigura
Procurando igualdade entre a vala e a fissura,
Para, quem sabe, afastar o medo da conjunção,

Afinal, nas ruínas fogosas de Ifrit jaz
A animosidade, o desejo enquanto capataz,
Dos segredos que não enganam a canibalização.

domingo, 24 de outubro de 2010

A Filosofia dos Túmulos

O genocídio destas sombras sem reflexão
Enruga as ruínas dos meus rasgos,
Do pretérito em sua plena assombração
Ao entrave congregado entre espasmos,

A angústia fulgura o gesto espectral
De dias-escamas dedicados ao abismo,
Que há entre a existência e o raquitismo
Deste lirismo lúgubre, túrgido e amoral,

E nas minhas tramas, linhas infames pululam,
A ineficiência e a paura apenas congratulam,
O erro atemporal dos meus artigos derrotados,

Uma vez mais minha vontade eclode abortada,
-O mesmo prágma, a mesma vicissitude cortada-
Para o encontro [mesmo] com a solidão dos afogados.

Das Vontades Proibidas

Mesmo que o mar morra de fome
A embarcação segue insone,
Rapsódias intencionalmente dedicadas
Concatenam tantas virtudes homéricas,
Entre vontades proibidas e histéricas,
Lancinantemente um nome congrega a astúcia,
A vontade [absurda] de possuir-te. Sem pronúncia.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Um Punhado de Versos Fúnebres Para Josef K.

O eco dos dias tem o mesmo nome
E a mesma insígnia como maldição
Quando o que resta é a degradação
De tudo aquilo que, em mim, não dorme

Eu transformo o transtorno em noite
Dialogando com a apatia magentamarelada
A cada [g]rito uma nova e indigesta morada
Assim prossigo. Inerte após mais este açoite

Cada traço meu é hediondo por natureza
Apregoa as mazelas que corroem com destreza
Tudo aquilo que sepultei junto ao vento

São tantas mágoas costuradas sem enredo
São tantos vermes nesta carne sem segredo
Que, uma vez mais, eu apago meu intento.

domingo, 17 de outubro de 2010

Soneto Antigo

"Que solidão errante até a tua companhia"
Pablo Neruda


O eterno se faz inerente
Quando me perco dos meus ossos
Em minha escrita indecente
Tento decifrar-te sempre que posso,

Pois cada traço, cada vertente tua
Corre em mim, descreve e perpetua
A vontade de sentir o gosto
Do teu rosto de encontro ao meu rosto.

Eu, você e o verão já rendido,
Rompendo as veias do destino,
Deixando o tempo rouco,

Sem pronomes e lâminas, o corte sofrido
É no peito, não sangra, mas faz sentido,
Assim como estes dias sem sono!

Poema antigo, já disse muito. Hoje ele é um ótimo ouvinte.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A Exumação de Todas As Minhas Mortes

A hidrólise do meu coração é insensata,
Busca síntese no vazio desta melopéia,
Pois faço daquilo que falta epopéia,
Para a derrota atrofiada em minha fragata,

E assim sigo póstumo e naufragado,
Da sombra incólume dos meus atos
Ao sufrágio que rogo a todos os tratos,
Não há limítrofe para aquilo que nasce estragado,

Quando a melancolia plena faz residência,
O meu sacrifício é apenas a reincidência
De tudo o que afoguei sem embalsamar,

Tratando a dor como exoesqueleto em ruptura,
O desejo ínfimo é que corre sem captura,
Pois a decomposição é minha aurícula particular!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sobre a Perversidade e seus Hematoversos

A lâmina cega da minha vontade
Fraciona o medo [já] postergado,
E a cada novo sonho congregado,
A aflição plena da alteridade
Produz o mesmo estrago,
Um estágio entre larvas
Para o meu olhar gago.
Inaptidão, onde estavas?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Entre A Sociopatia E A Filosofia Dos Não Valores

A sístole organizacional dos meus dias
É efêmera, busca retidão na falta primeva,
Quando a epístola espectral diz: "escreva",
Eu tento ser uma vontade de duas vias,

Tal qual a estória apócrifa que enseja
A epistaxe desta saudade vermicular,
Para além do Vale dos Condenados a torturar
Está a humana condição que deseja,

Por fim, a diástole eterna do sepultamento
Da alma, um conforto para todo o excremento
Carnal que carrego... Eis o segredo da minha maldição,

Caminhar entre o convivício social,
Ter que respirar o apelo dessa gente boçal...
Afinal, a única beleza do mundo, para mim, está na putrefação.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Conclave Para Um Diálogo Entres Sombras

A diáspora da distância é interpelativa,
Marca com angústia esta ferida acrônima,
Pois carrego a surdez de ser alma anônima,
Corroborando a astúcia da dor sem afirmativa,

Da tríade maldita que congrega Asmodeus
Ao caminho das sombras nesta podridão,
O encéfalo, o carneiro, o touro e todos os seus,
Concatenam o grimório da Vida em decomposição,

E sob o signo falso da fertilidade,
Costuro o julgamento da destruição com uberdade,
Mais uma noite licântrope dedicada aos esquecidos,

Na profícua relação entre carne e velório,
Busco a paz que predomina neste empório...
Serão setenta e dois os nomes amanhecidos!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Exi[s]t-ência

A Abadia do inferno recobre meu esforço
Com o pesar desta quase-ciência,
Eu elevo ao máximo o signo da ineficiência,
Buscando existir para além deste esboço,

Para além deste velho poço, eu sou,
Eu tento, mas não posso mais que esta falha,
-A mesma ruína para o pronome sem mortalha-
E assim foi quando o sino do cemitério ressoou...

Doze batidas secas para o pesar da minha alma,
Eu perco a moça e suas vísceras neste trauma,
Para cada olhar morto deixo um corte sem sangrar,

E não importa a fratura sempre é imposta,
Tal qual a condição do medo nesta encosta,
Eu sou o feitiço mórbido que esqueceram de enterrar.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Litania [In]fértil

O arcabouço fonético da minha virtude
Aplaca tantas noites sem respiração,
Sob o signo da espera, a transfiguração;
Um olhar repleto de escaras e sem plenitude,

Cada hora consumida é um ato de exumação
Quando o pensamento pelo sangue é embebido,
Emprego uma espécie de evangelho retorcido,
Para o encanto proibitivo que evoca-me em ascensão,

São tantas sombras mal compostas em meu leito,
São tantas as teorias repetidas em meu feito,
Que assisto os vermes me corromperem e os venero,

Assim, perco [osso a osso] a capacidade de sentir,
- Mais uma noite em que a doença excita o meu devir -
Neste solilóquio abandono meus edemas... Eu espero.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Versos Para a Fauna Cadavérica - Uma Liturgia Especial Para a Oitava Legião Dos Obreiros da Morte

A minha tristeza não tem cura,
Caminha lancinante entre cada estigma
Que trago, atrelando ao corpo o sigma
Da frialdade fidedigna destes passos sem procura,

Pavoroso, ouço o silêncio proeminente
Que o consumo de minhas carnes possibilita,
A vontade aquém do abismo torna-se infinita,
Para além das doenças do meu Oriente,

Pois, a hipálage da Alma continua deslocada,
Tal qual a lápide da calma enforcada,
O transtorno sem curvatura precede a procissão,

Da Natureza que, intrepidamente, conduz ao açoite,
De carregar esta foice noite após noite...
Eu sigo vociferando uma saudade sem coagulação.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Chain of Dead Flowers





Para visualizar melhor o poema, por favor clique na imagem.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A Indigestão de Cronos

E restaram apenas as larvas funcionais
Que monitoram a dor daquele trauma,
A inaptidão vazada transforma a calma
Em feições túrgidas corrompidamente espectrais,

Para o futuro que amanhece desperdiçado,
Um sorriso com ar de atraso em expansão,
Escondendo do torpor o escarro embalsamado,
As minhas catacumbas não escapam da condenação;

O verso concatenado entre a obscura vontade
E o peso incólume do que chamo de distância,
Assim, encontro-me atônito frente à hiância,
Frente ao estrago rente que produz saudade,

E com discreta verossimilhança eu me apago,
- O traço recombinante não mais conforta,
A maldita dicção da vida tem olhar gago
À inflexão recorrente que culmina e exorta,

Um punhado de sonhos desmembrados em melodia,
Colhidos no Hades, entre o castigo de Tântalo,
A morte dança tácita, exalando o sândalo,
De Perséfone que chora lágrimas de afasia,

Todavia, o meu caminho é apenas sanguinolento,
Entre corvos e corpos fálicos e sem plenitude,
Meu Orfeu é rouco, vazio e sem intento...
Segue enforcado decifrando o que não pude.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sobre Aquilo Que Não Pude Dizer

A minha solidão refrata verdades mutiladas
Destoando a carne apócrifa da colisão,
Ante este punhado de virtudes em decomposição
Um abraço. Um vértice entre as vontades postergadas,

"Espalhando o cântico anêmico da existência,
O pássaro da Peste progride aflito,
Apreciando o que restou do verso restrito,
Alimenta-se onde a dor faz residência",

Além do signo que veste minh'alma impura,
Além do sangue perdido buscando a cura,
A morte da palavra dionisíaca congratula,

O túmulo perdido entre o corte e a noite,
O tumulto que figura entre nomes sem açoite,
Pois, Este é o silêncio que me estrangula.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Têmpora Nº1




Essa semana irei postar uma série de poemas visuais que intitulei de "con.credos". O primeiro se chama "Têmpora Nº1". Para visualizar melhor o poema, basta clicar na imagem.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Queixas Intermitentes (?)

Eu necroso minhas vontades em catarse homogênea,
Cultivando lentamente este vento escarlate,
Das equimoses silenciadas aos versos em combate,
O enlace é plasmático; Culmina na noite gêmea,

Olvidada, por extenso, da humanidade e seus diálogos.
Se à quarta diátese reservo meus sonhos guturais,
Seriam meus ossos, fonemas triturados em castiçais?
Por fim, a carne rompida indica apenas rituais análogos...

À poética destes grimórios secos e mazelados,
Aos esqueletos tristes, permissivamente, congregados,
Das necrópoles de Anúbis trago o obscuro traço,

Que propaga o fim de mais um açoite inexistente,
Nas minhas tormentas o descaso é puro e demente,
Não há o quê aplaque a d-o-r de cada verso que faço.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Lançamento do meu livro "Poemas Noturnos"


Boa noite a todos!

Gostaria de convidar todos os leitores do blog para o lançamento do meu livro "Poemas Noturnos", amanhã (quarta-feira, dia 11). O evento será no Club Noir - Rua Augusta, nº 331 às 20H.

Conto com a presença de todos!


Abraços fraternos,
Samuel Malentacchi

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Um Singelo Retalho Poético

Mais forte que minhas imposições...
impasses, translocações,
vontade sobre vontade.
O meu ser.n.timento
é difuso. [Eu] espero...
que a eternidade
tenha tenacidade
e
pouco ressentimento;

sábado, 31 de julho de 2010

Pequeno Tratado para Tristezas Pessoais

"Eu sei que ter que ver e escutar um homem triste aborrece quando se veio e se vai à alegria".

Miguel Hernández

Da caixa torácica enegrecida
Ao velho caminho só de ida,
A partida é a mesma, confusa,
O templo é efêmero para Medusa,

Pois minha busca é necropigmentada,
Faz da aflição a condição suscitada,
E de canção em canção eu apago
Cada traço escrito naquele lago,

Das idéias coercivas e intermitentes,
Para a minha inaptidão, convalescentes,
Eu danço com a dúvida daquele sorriso...

E por mais que tente, não consigo,
A solitude me acolhe me dá abrigo,
Eu deito nesta cova sabendo do que preciso.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Das Epifanias de Joyce

A alquimia dos meus passos é monocromática
Tal qual a alegria conservada nestes vasos,
Eu prefiro a morte a todos estes descasos
Quando a solitude é crônica e sintomática,

Enquanto palavras roubam o ar corrompido
A sinfonia desta retro-retórica é surda,
Por mais que eu... [eu]; A vida... É tão absurda
Que o caractere dos meus sonhos é rubro-interrompido!

E a epifania afásica volta a assombrar-me,
-Uma espécie de salvação morta a lograr-me-
E eu sigo tentando apagar o sangue escuro da finitude,

Todavia, o mesmo caminho [alucinadamente] me caminha,
Traça em meu pergaminho o traço da escrita mesquinha,
Que -de fim em fim- apresenta mais esta hepática similitude.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Uma Canção Para Erebus

Eu celebro o equinócio dos meus erros
Através de mais esta liturgia refugada,
À Lâmia dedico o cantarolar de mil enterros
Pois, este ensejo tem gosto de saudade estragada,

E, distância após distância, a doença faz comunhão,
Da porfiria afonética que colore minha alma
A neoplasia sinestésica desta poesia trauma,
Eu sangro pronomes neste ritual de extrema-unção.

"Seria uma espécie de hábito distorcido,
Eu cantar tudo que poderia ter sido,
Com navalhas atreladas ao corpo retorcido?"

Para o vazio da imensidão que há em mim,
O corolário é o mesmo, ultrapassado e sem fim,
Afinal, a sordidez da tristeza é sólida... Enfim.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Ab Imo Pectore

A anadiplose dos meus sentimentos é evidente
Cada vez que declamo a Górgona da tua beleza,
Das vicissitudes assimétricas e sem destreza
A sombra eterna desta noite intermitente,

Eu. A mesma doença, o mesmo traçado enfadonho,
-A eterna busca pelo rastro de Teseu-
Consumo minha vitória túrgida sonho a sonho
Pois, a mácula cimérica não me esqueceu,

E a minha saída é sempre a p(r)o(f)ética maldição,
Eu traço com sangue mais esta hipo-histérica extensão
Somente para concatenar tantas falhas em primeira pessoa,

São tantos medos empilhados em carcaças proverbiais,
São tantos espíritos a derrubar meus castiçais
Que, a insatisfação... Ela, ela, ela simplesmente ecoa!

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Olá, gostaria de avisar todos os leitores que estou participando da 67º Antologia de Poetas Brasileiros Agosto / 2010", da Câmara Brasileira de Jovens Escritores com o poema "Dialética dos Defuntos". Quem quiser conferir o poema lá no site basta clicar no link abaixo:

http://www.camarabrasileira.com/apol67-062.htm

E quem quiser adquirir o livro é só conferir no site da Câmara (http://www.camarabrasileira.com/pc67.htm), ou falar direto comigo pelo e-mail: malentacchi.samuel@gmail.com.

É cabível lembrar que pelo site da WAF editora (que se encontra acoplado aos meus links aqui no blog) é possível adquirir o meu livro "Poemas Noturnos". Ou também em contato comigo pelo e-mail supracitado.

Bom, é isso, me sinto honrado e orgulhoso de participar de mais esta coletânea. Mais uma glória, mais uma etapa nesta longa caminhada rumo ao eterno aprendizado para minha alma.

terça-feira, 29 de junho de 2010

A Morte Sem Voz

A discrasia comanda os fantasmas destes retalhos,
Com asma anuncia a liturgia do meu fracasso,
Pois, da necessidade aos signos falhos,
É a vontade vencida que verte o sangue escasso,

E quando o dia nasce arrependidamente rendido,
O gosto esquecido de saudade [vivida] cria dimensão,
Assim, a eternidade torna-se o limiar perdido,
Frente à assinatura do Caos que encontra redenção,

Nos braços de um Dionísio especialmente ressecado,
Nos órgãos umedecidos daquele sacrifício ofertado;
E a minha sina segue pregada nestas contrações,

Afinal, para todas as dores sempre há uma maior,
Em todas as cores sempre há um tom menor,
E para as sombras... A mais bela das maldições!

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Um Canto Para Serápis

Eu revisto minha mágoa com este cemitério
Que propaga [erradico] a prosódia do desapego,
Nestes sonhos estrangulados reside o sossego
Para a homeostasia falida Deste hemisfério,

Sem coagulação o meu anseio corre vencido,
Da órbita maldita destas covas sem extensão
Ao lupanar viscoso que assassina minha intenção,
O cântico fúnebre prossegue. Precoce e amanhecido,

Pois, a madrugada é túrgida e vaza deste peito,
Tal qual a fleuma que corre para o leito,
Quando o corpo enfermo insiste em simbolizar

A profusa relação entre o desespero e o desejo,
Que atesta o desamparo como virtude ou ensejo
Para a impossibilidade que eternamente ei de carregar!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Casa das Almas Perdidas

Aprendi com minhas perdas
O valor das palavras não ditas
E por entre todas as minhas feridas
Turbilhões de melodias destoam o sangue
Da carne, da posse, da vontade lúgubre
Eu respiro porque não pude
existir além
Destas linhas destoadas e fúnebres.

A maior glória desta vida é, de saída,
Costurar o passo triste na avenida
E concatenar cada falha com uma rosa
Esquecida
Entre o verso e aquela ferida
mesma
que diz o que não pude
Que repete amiúde
Aquilo que morre. Sem ser rude.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Dos Quatro Pretéritos

Eu abandonei minha morada indigesta
para acompanhar o cintilante gosto do crepúsculo
quando este hiato impróprio é o que resta
das velhas posses deixadas no escuro,
Os meus desejos falecem inóspitos e surdos
pois aquilo que trancava-me morreu.
o fosso, o abraço, o rosto que cedeu
aos ditames vociferantes do Tempo,
neste templo de memórias roucas
os meus ossos tangem obliquamente às poucas
vozes toscas que acenam para o descaso
sem caso, que grita vontades ao acaso...

Eu apenas poderia ter sido e não fui.

domingo, 13 de junho de 2010

Uma Conversa Entre Gregor Samsa e Mefistófeles

Sob a esfinge da Ausência, a transformação,
Morcegos secos que tangem a aflição,
Do estigma anacrônico destas vistas
A Peste que degrada todas minhas conquistas,

O meu panteão é mimeticamente anêmico,
Pois degrado tardes com o sabor endêmico,
Da falta recombinante que transtorna ilesa e mitigada,
O meu dissabor, veementemente fria e fatigada,

E eu não sou além desta vontade vomitada,
Desta carapaça fantasticamente ultrapassada.
Mil medos postergados e mais este corte,
Um abraço censurado para toda a minha sorte,

Assim o dia degrada feito poesia morta,
Para cada hora sepultada eu rasgo uma aorta,
E prossigo com o fúnebre pesar destas liturgias,
Eu ressalto a catástrofe de espreitar minhas elegias.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A Arte de Não Ser Proeza Alguma

A arte de não ser proeza alguma
Feito poesia suja entre teus nervos
É assim que sinto quando descrevo
O fato e o descaso vestidos de negro

Em meus versos sem alma
Onde a distância sabota a calma
E eu acabo alimentando meus medos
Com a volúpia da incerteza e seus segredos

Procurando algum sentido em notas de música oca.

(?)

*Poema presente no livro "Poemas Noturnos". Todos direitos reservados a WAF Editora e Samuel Malentacchi

sexta-feira, 4 de junho de 2010

E Foste Assim A Minha Morte...

E foste assim a minha morte
sangrei mil flores sem nenhum corte
deixei o enredo do convívio aos gritos
lamúrias cristalinas para todos estes ritos
sem vértice, da minha calma asfixiada
nove palmos de solidão glorificada
para a antonomásia desta existência
desmedida pelas melodias da clarividência
da frustração que carrego entre ventos
entre peitos sem brônquios, entre tantos acentos
Eu apago a ausência de dias oblíquos e sem acertos.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Entre as Ruínas da Carne

Do Eros pandêmio a esta ânfora,
A dialética que prevalece é a da âncora,
Desta Pandora Afogada e reminiscente
Onde a inumanidade revogada é insuficiente,

Frente à foice fria e espectral,
Que a cada corte posterga meu final,
Pra angústia que convalesce interpelativa,
A monstruosidade é fugidia e apenas relativa,

Pois, o sorriso-trauma transtorna minha poesia,
Conflitos tantos a transformam em afasia,
É quando meus sonhos morrem sem extensão...

E o fim atesta o que poderia ter sido,
Eu sangro, vísceras ao chão, eu sou esquecido,
Afinal, propago versos com cheiro de convulsão.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um Sussurro nas Trevas. Uma Pequena Homenagem

A inominalidade dos Antigos é aterradora,
Das cidades esquecidas ante a lama abissal,
Aos cânticos entrantes desta forma anormal,
A noite vociferante gela a carne sofredora

Pois, a realidade descontínua desta dimensão,
Diz pouco do gole rouco da inumana extensão
Que carrego pelos poros, seco e envenenado.
E assim prossigo com o discurso abandonado,

Criptas viscosas gritam pela eternidade:
Cthulhu! Cthulhu! Cthulhu! A paura que não têm idade!
Apenas carrego O Vento Frio atrelando na alma

A máscara da Morte crua e erradica,
Pois, a ciclotimia é a benção esporádica,
Para cada hora suja que vomito no meu trauma.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Pequena Elegia Para a Garota Morta

Eu busco a plenitude
em goles de pouca virtude
refém da harmonia destes espinhos
da métrica e de seus pesares mesquinhos
tento atrelar, osso a osso
este caminho frio rumo ao poço
da versatilidade sem extensão
a estes pronomes em ascensão
eu respiro sujo e malogrado
todas as teorias de bom grado
que retiro das minhas retinas
pois estas servem de cortinas
para o semblante caótico da perda.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Pequeno Tratado das Grandes Tristezas

Eu quis dizer o que não pude
naquela ocasião insípida e degolada
dos meus dias eu não pude...
desvencilhar o gosto exausto da solidão
pois eu não pude
com os retalhos do seu Nome
e, amiúde, eu me esqueci conforme
as horas mortas cortavam sonhos
e eu não pude com estes tristonhos
pesares, pedantes, pegadas no instante
do orvalho conflitante, o sorriso análogo
é concomitante com as veias, sem diálogo
militante, pois,
verbalizo os rios do meu coração
sem risos, que mora em qualquer estação.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Conjectura da Falha

Eu sinto nos ossos a tempestade impetuosa
Que aplaca este ínfimo nervo ausente
Descrito pela ávida hagiografia tortuosa
Das minhas dores de caráter cru e crescente

Pois, o aromático sangue é amaldiçoado
Pela respiração pavorosa da Besta de Creta,
Será que esta obliterante cripta ereta
É a única maneira de sacrificar meu Passado?

Afinal, eu sigo o caminho invertido de Teseu
Costurando na esperança o monstro que faleceu...
Velas negras para quem dissolveu junto ao mar.

Da des-esperança que amalgama tantas agonias
A estrutura oxidada das minhas sinfonias
Eu sou sempre a inexorável Derrota a caminhar
[com terra úmida entre as botas...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Não Há Abrigo Entre As Ruas Mortas

O gole negro desce aflito,
Gritando a insatisfação que insisto
Em afirmar a cada passo ossiculado
Desta solidão que figura meu postulado,

Lado a lado eu sinto o açoite
Da Verdade pudica desta noite,
Pois, tristemente canto a imensidão
Destes cortes com a destreza de um artesão,

E o meu fim é apenas o sumário,
Da falta, do ensejo residuário,
Afinal, são tantas mortes a postergar...

Da vontade surda que diz pouco
Ao verbo torto que adoece rouco,
São imensas as insatisfações a brindar!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Uma Canção Para Aquilo Que Não Existe

Não sei por que insisto
No outono dos meus sonhos,
Certamente eu não existo,
Além destes credos enfadonhos,

Do predicado que não canta
Ao espectro que não espanta,
O meu caminho é dilacerado,
Pelo sorriso tênue vociferado,

Nesta escrita sem métrica, trágica,
Onde a lepra é estrito-verborrágica,
A saudade dá vazão às suas chagas,
Ante o incólume do vazio e suas pragas,

Que traçam o traço atrasado
Daquilo que nego fracassado.
Eis, pois, a po-ética decomposta,
Nesta aética, feito fratura exposta.

domingo, 9 de maio de 2010

Sob o Signo da Ausência

Eu canto o que não vale ser cantado,
Arrancando da retina o estigma do Passado,
Entre a sintomática ausência exorcizada,
E o grito falso da noite não cicatrizada,

Verbalizando o medo que causa a incerteza,
Eu sigo corroído por este teorema repetido,
A mesma liturgia, a mesma ferida na destreza,
Atestando o meu caminho sórdido e dolorido,

São tantas vozes mortas em meu leito,
São tantos caminhos algozes neste pleito,
Que... Falta-me destreza pela alma em procissão,

Da cripta inerte ao vácuo deste sorriso,
O fragmento de mim mesmo é o que preciso,
Pois, sei que a incompletude fita-me com precisão.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A Dança dos Pronomes Necrófagos

A irredutível posição deste mundo
Afoga meu esqueleto infecundo
Da impossibilidade de suturar a falha
Ao verbo dissolvido nesta mortalha

O segredo entoado presta conta à derrota
Dá corpo ao ritmo morto que abarrota
Este pizzicato lânguido e intravenoso
Concatenado a cada pesadelo viscoso

Que atribuo a este mau cheiro poético
De caráter dissolvido e tom profético
Aquém da esperança, em plena decomposição

Com este assassinato de mil Dionísios
Trocando versos pelo ardor dos Campos Elíseos
Pois, nestas veias corre a prosódia da imperfeição.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Introspectivo, Demasiado Introspectivo II

A sinonímia que insufla o meu cemitério,
Insulta o seminário afônico e desfigurado
Que carrego neste vernáculo sem critério,
De caráter arrítmico e laboriosamente suturado,

Do postulado A-sígnico refratado a vácuo
Ao sangue vertido, o abrigo é inócuo,
Pois, a frustração dilacera o que lhe convém;
Eis a reflexão que grita nestas linhas. Indo além,

Assim sigo alternado de erro em erro,
Do sangue negro que condecora este enterro
A incerteza que conjura minha poética da ingratidão,

Eu declamo a pleno pulmão minha monstruosidade,
Pois, é sabido que a Dor não tem idade,
Afinal, o mimetismo das horas morre [sempre] de inanição.

domingo, 25 de abril de 2010

Autofagia

"E eu, somente eu, hei de ficar trancado
Na noite aterradora de mim mesmo!"
Augusto dos Anjos. Trevas

A minha escuridão é plena e ilustrada,
Figura as marcas da razão desidratada,
Deste animismo opaco e oblíquo ao desatino
Que vela a melodia destrutiva do meu destino,

A compulsão é o fracasso que carrego eloqüente,
Da esperança tácita que transpiro descrente
Ao bosque negro que dá forma a esta ausência
Em meus sonhos, o corte é a ordem da ambivalência,

E uma vez mais sinto a velha posse postergar,
As melodias que, com pus, insistem em apregoar,
Desgraças lúdicas em meus passos desconfigurados,

Pois o mesmo fantasma rompe a noite vencida
Recitando esta sina que já floresce amanhecida,
Eu congrego a romaria de todos demonios amargurados.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O Corvo e A Lâmina

Eu canto aquilo que não pude,
Esperando aquilo que não vem,
Do rosto olvidado que convém,
A este convi-ví-cio sem virtude,

O resigno ao meu sepulcro é entoado,
Sangra o cântico categórico do Passado,
Eis a velha liturgia da letargia malograda,
Os mesmos edemas, a mesma via desgraçada,

Para o medo que não afasta esta falha,
Para o abrigo das minhas pragas em mortalha,
Quando a ausência congrega-se fazendo comunhão,

É, pois, o fracasso afiado e insistente,
Que na minha súplica medíocre e descrente,
Reitera a incompletude apenas por diversão.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Da Ausência

O contraponto da sodomia em meu ser
Diz pouco sobre esta nosografia poética,
Da sintaxe coercivamente afonética
A degradação [sugestiva] que decidi escolher,

É, pois, a hifemia deste pergaminho esquecido
Que verbaliza a exaustão que há em meu tecido,
Tacitamente aflito pela falta primeva,
Eis a mortificação que meu Nome leva,

Do desejo petrificado ao demônio da perversão,
A minha derrota fica além da intenção,
Além do repetido pronome em meu instinto,

E é quando eu interrogo a inexorabilidade plena
Do meu desatino que o destino entra em cena,
Assassinando com veemência aquilo que sinto.

domingo, 4 de abril de 2010

A Ressurreição que Não Acontece

A esperança sem ritmo corre amarelada,
Em meus ossos tortos de escrita desfigurada,
Da apatia que indica um simbolismo sem plenário,
A transfiguração que carrego [só] neste vestuário,

Sobras de um assombro que dissolve,
Hora por hora, este cadáver e não se envolve,
Com a volúpia dos meus gritos de cavidade oca,
Com a frialdade escura e imaculada desta boca,

Pois, do receptáculo de carne enfraquecida,
Ao fracasso destas teorias, o eternamente fica embalsamado,
Sem odor, ausente e devidamente não consumado,
Afinal, sou a catacrese da ferida não esquecida,

Que figura perplexamente na escuridão,
Do vazio que trago costurado à minha súplica,
A minha proposta certamente não possui muita exatidão,
Pois concorro sempre com a sombra da minha rúbrica.

domingo, 28 de março de 2010

Sobre o Vaso Morto na Janela

O aborto que há entre meu ser
E as hordas drásticas da exasperação,
Conduzem esta enfática catarse de entreter
O que falta, ramificado e em condensação,

Entre o pântano das lágrimas esquecidas
E a vertigem destas linhas furtivas,
Eu sigo vomitando histórias adormecidas
Pela memória residual de tantas almas esquivas,

Do cheiro de morte que há em meu bosque
Aos cravos secos da minha sorte,
Eu procuro algum nervo que não enrosque
Em meu peito, e que não mais corte

A minha essência que já é dilacerada,
Adornada com o caos da Tristeza sem martírio.
Para Esta dor que não consegue ser cauterizada
Eu dedico somente aquele velho lírio...
[que um dia indicou a tua presença]

terça-feira, 23 de março de 2010

Entre as Frestas

O semblante corrosivo da finitude,
Marca a arca sem plenitude,
Destes espinhos de alegria desviada,
Onde a procura é imprópria e vazada

Da integridade inócua e incisiva
A ilusão que descolore a vida,
A solidão torna-se permissiva,
Pois tenta esquecer e não é esquecida,

Na descida aos escombros do meu final,
A doença da escrita é o terminal,
Onde o insalubre dialoga com as bestas,

E do descontentamento que perfila o meu tema,
Prolifero mais uma decepção como esquema,
Empilhando todas as agruras [minhas] em algumas cestas...

sábado, 20 de março de 2010

A Doença do Verso Visceral

O Sabbath negro da minha literatura
É articulado com a própria estrutura,
Daquilo que tive e assassinei,
Lágrimas e lâminas onde eu fracassei,

Da ruptura do nervo panóptico axial
Aos meus rumores sem entonação,
Eu busco a fuga deste olhar especial,
Pois, o que escrevo é a profanação

Vertiginal de um cemitério sem velório,
A cromatização do sorriso ilusório,
São tantos os instantes envenenados
Que, meus mortos não passam de renegados,

Quando o fim é somente um ritual não conjurado
Para a rispidez infinita em meu ser,
Estes versos representam o que não foi curado,
Pois são apenas cortes daquilo que não posso ter.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Comum Entre as Cousas

Por cada pétala derramada no deleite
Da cumplicidade
Faltou-me franqueza
Pois é assim que se sente
A verdade em cada respaldo
Que a chuva nos traz

Um dia quem sabe
Poderei eu, pedaço de carne póstumo
E adjacente, discernir entre
O comumente e o vagaroso
Como numa dança impura
Vertida de dor,
Desvencilhar o esparso
Em notas feitas de algodão?

Poema escrito há algum tempo, não lembro quando.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sociopata Monaural

Silenciei meus sonhos
Para tornar minha existência
Mais oculta o possível
Assim, o sacrifício
É a aspiração
Que mutila meus membros
E o coração
é passageiro
E, por ora eu quero apenas uma canção
Que canse toda estação
Que pare o meu mundo
Apenas por instantes,

Eu desqualifico a sorte.

Poema antigo, escrito no começo de 2009.

sábado, 13 de março de 2010

A Dialética dos Defuntos

A prisão que congrego é histérica,
Da angústia ao repúdio Trimegisto,
São três os registros desta decadência esférica;
A aflição, as neuronas e o credo que insisto

Em postular, não existindo além do esqueleto,
Além do cântico escuro, esquisito e obsoleto,
Que, ao passo dos anos, assisto postergar
Minha inaptidão para seguir o caminho solar,

Do silêncio sem alma ao dilema em ascensão,
A estrita dor do verso é restrita à extensão
Simbólica, do que nego, aos uivos, à noite,
Pois sei da verdade que há em cada açoite

Poético, da profecia daquilo que não compõe
As tonalidades sujas do medo vertido,
O que proponho é um sorriso derretido
Pra cada hora rendida que a falta impõe.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma Canção Para o Andarilho sem Sombra

A unificação do vazio vascularizado
Em minhas crenças empilhadas,
Derrama o medo irto-polarizado,
Nas verdades insolutas entalhadas,

Deste Histrionismo que congrego como vida,
Um labirinto hediondo e sem saída,
Constituído da mortalha antropomórfica,
Que funestamente declama a voz catastrófica,

Da minha razão turva, com rouquidão,
Entre a noite cortante e a ilusão,
Eu sigo apagando meus próprios sorrisos,
De lápide em lápide encontrando os mesmos avisos:

"Saibas, poeta, a serpente verte teu veneno vil,
Naqueles que descobrem a insalubridade do teu covil,
Pois, desnudar o sangue que abarrota teu esconderijo,
Não proporciona [a ela] nada mais que um belo regozijo"

E assim sigo consumido pelo ostracismo,
Da paz sutil deste débil relativismo
Aos atos esquecidos em minha Golgotha...
Em meu caminho há apenas cadáveres em volta.

sábado, 6 de março de 2010

Da Apatia Enfática

A minha felicidade é ossiculada
Pelos símbolos de Odin em ruínas,
Do ruído dos sacrifícios nestas esquinas,
Sou, pois, a disformidade articulada,

Da descrença nestas páginas adormecidas,
Pela pele carrego as marcas entristecidas
Do externado Negativismo Existencial,
Onde a apatia é apenas uma canção diferencial,

Sob a folhagem esférica da vida,
É sempre pela ausência a minha ida
Aos íntimos cortes, sem ferida, da Minha História
Desnuda, deslocadamente interpretativa e sem Glória

Alguma. Um signo falho escrito com o plasma ausente
Da alma, do abraço falho, da calma intermitente,
Eu sempre corro contra o Passado, todavia,
Suas lâminas ainda machucam o pouco de carne que havia

Neste......................................receptáculo.
- Por fim, deus está morto. Que comece o espetáculo.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Ditirambo Para a Saudade e Seus Erros

Da legião dos meus demônios congregados
A este exorcismo indevido e sem comunhão,
Propago um obscuro mundo de poemas estragados,
Para a Ausência que me corta com precisão,

É nesta analogia fria que vomito meu leito,
O pleonasmo dolorido aplaca qualquer feito
Pois sou análogo à cor de todas as cores,
Sigo ramificado e sem odor nestas flores

Maquiavelicamente estéreis, e não há liturgia,
Não há sinergia que aplaque tal cirurgia,
Em meu peito trago o vazio avulso em curso,

Devidamente fortificado nesta forca verborrágica,
A força negra da minha catacumba é trágica,
Propicia altivez ao regresso impuro do meu discurso.

segunda-feira, 1 de março de 2010

A Dor Vespertina

"Sua vontade era como a folha de um punhal: ferir ou estalar"
Álvares de Azevedo

Tal qual uma biblioteca falecida,
A minha existência é enegrecida
Pela memória arrancada do peito,
Quando a fobia atesta o conceito,

De dias áridos e sem euforia,
Destinados à heresia da Vontade,
Que deflagra a ambivalência sem idade,
Da epifania desmedida pela sangria,

Deste punhado de erros em comunhão,
Com minhas entranhas atiradas pelo chão,
Eu aceito a animosidade do corte ficcional,

Na minha realidade lúgubre e sem estrutura,
Onde a fórmula repete a má formação da ossatura,
Conjecturando mais esta liturgia dolorida e passional.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

A Anomalia do Poeta Anônimo

A monarquia da desgraça congrega seus emblemas,
Quando descrevo com fervor todos meus problemas,
Da tristeza incidente a esta solidão eficiente,
Eu atesto a clarividência singular-deficiente,

Dos meus atos dissecados, que arranco da jugular,
Coincidentemente, com a saudade que fica a julgar,
Tantos passos esquivos, ressecados à exaustão,
De navegar a doença do meu rosto sem expressão,

E, nestes dias, catastroficamente incompletos, confesso
O maior crime dos séculos, da indulgência ao retrocesso,
Defino, pois, o espectro do meu aspecto poético:

- Um signo cadavérico para cada derrota consumida,
Para cada lápide [adormecida] que adorna minha ferida,
Transcrevo-me. Submetido a este autodestrutivo fulgor esquelético.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Festim Macabro

O Festim Macabro
Ou sobre como seria mais um poema abortado


Eu sinto as pedras de Sísifo assombrarem meu espírito,
E tento, em vão, significar o Horrível para senti-lo,
Do festim macabro ao tremor litúrgico-empírico
A admirável veemência do Nada aplaca-me com estilo

E, eu não existo além da carne nestas linhas,
"É apenas a essência negativa de tudo que tinhas
Poeta, agora cultive esta erva daninha e sofra"
As palavras roucas de Mantícora esperam que eu corra,

Mas não, aceito esta antropofagia intrusa e dispersa,
Pois, sei que minha essência é pior que a fábula persa,
Tal qual os treze estágios de Hades, eu deixo minha esperança,
E corro sem ossos cantarolando o canto escuro da matança,
De todos os sonhos à que concorri.

- Simplesmente esqueci como faz pra sorrir.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Versos Para o Purgatório da Vida

A marcha fúnebre do meu coração ecoa,
Entre a tristeza crua e desmedida,
Que fere a posteridade da minha partida,
E faz sangrias na Realidade que entoa,

Mais que a sífilis destas tristes melodias,
Mais que a repetição envenenada dos meus dias,
O vazio pretenso ao asilo da existência,
Fomenta o purgatório de tantas noites sem essência,

Quando Eu assisto a inefável destruição da Vida,
Costurando o eco das minhas lástimas na ferida
Que adquiri junto ao tempo, do Caos invicto
A instância da dor, meu dissabor é convicto,

Se a romaria doente que me segue com louvor
Definitivamente aplacar a espera pela eternidade,
Talvez este vácuo no peito seja uma espécie de felicidade,
Pois, é na obscuridade úmida do Fim que busco calor.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Um História Assombrada

A alteridade dos meus sonhos é nivelada,
Pois a tristeza cansa ao ser revelada,
Da exaustão tácita reclusa neste obituário,
Ao sufrágio do erro sem vestuário,

Dedicado em doses de eloqüência fúnebre,
Um brinde seco, sem aplausos e lúgubre,
Para tantas histórias cruas e atormentadas,
A fórmula gélida das epopéias execradas

É o resultado da invalidez desta abominação,
Que, monstruosamente, carrego sem pretensão,
Pelo signo antropotrágico da derrota,
A minha insuficiência é o vértice que abarrota,

A glória que um dia quis respirar,
Além do crepúsculo que insiste em assassinar
Toda insistência na esperança sem densidade,
Novamente, a minha maldição não tem idade.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Another Side Of The Same Darkness

Eu compeli madrugadas vagas
Esperando o sinal atortoado da verdade,
E por mais que fuja de tantas pragas,
Minha solidão não tem idade,

Corrói os edemas e todos seus emblemas
Aglutinados em meu intelecto disperso,
Pois, sou sempre o maior dos problemas,
Na repetição da penumbra em meu verso,

E é sempre sobre a falta que escrevo,
Sobre a incauta ausência em mim mesmo,
A falha é a doença estrutural que prescrevo,

Em mais um final sangrado a esmo,
Retalhos e lápides sem um único desejo,
Para a condição aflita da vida qual descrevo.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Um Lucivelo Na Razão (?)

Eu passarei a eternidade em luto,
Pois meu medo foi mais astuto,
Reiterou o estatuto sem validade,
Da carne sem cor em minha felicidade,

Que no leito apoia o solipsismo
[Lapsos de saudade com raquitismo],
Em meu psiquismo [atormentado] incongruente,
Sobram as sombras da cova intermitente,

Deste meu sorriso de ataraxia ressecada
Que promove aplausos para a escuridão,
Dos meus sonhos de causa dissecada
A este punhado de versos sem exatidão,

Mais um caixão para a existência desmedida,
Mais uma história que estanca sem ferida
E os velhos erros sempre a postergar,
O final furtivo que escolhi, com calma, costurar
[em mim...

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Nec Plus Ultra

A dor deste verso não vem do peito,
Caminha, fantasmagoricamente, entre as alcovas
Da minha alma, onde o declive é estreito,
E a ausência faz seu pleito; traz dores novas,

Para o quadro fugidio e molesto,
Que apresento, sublinhado e modesto,
A este mundo necrosado e sem critério,
Onde sentir é consentir a beleza do cemitério,

E para cada hora, enterro uma derrota,
Em meu braço o abraço do Negativismo Existencial,
Pois a repetição, como sempre, está exposta,
Na Leucorredução de minha ciência artificial,

Então Eu lamento o sentimento dissolvido.
Nesta nota triste me esqueço para ser esquecido,
Das sobras de teorias gastas e em putrefação,
Faço vistas à esperança de assimilar a castração.

sábado, 30 de janeiro de 2010

White Walls

Eu respiro o mundo procurando-o n'alguma falha,
No acaso fecundo de tantas veias mortuárias,
Além do gênero e do desespero em cada talha,
Busco rigidez nas distrações presidiárias,
Da ambivalência rude e procrastinada,
Ao signo rouco da saudade predestinada,
Eu brindo o nódulo em meu lóbulo, e adoeço,
Pois, o fim é sempre [e apenas] um não-começo;


Postando, com certa dificuldade, do hospital.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Canção para Leviatã

A apatia dos meses abatidos,
Torna meu festim leucêmico,
E de todos os demônios distraídos,
Este certamente é o mais endêmico,

Afinal, sou a sombra abissal
Das contrariedades dissolutas,
Faço da poesia doença terminal,
Para, enfim, buscar formas absolutas,

E entregá-las ao repetido pedido da dor,
Que procura na [minha] fisiologia incolor,
O traço atrasado e sem graça da exumação,
Pela Linguagem imposta, feito celebração,

À melancolia, que finda o sangue tortuoso,
Deste festim sem fim e pouco espirituoso.
Pois, ao ignóbil infinitivo de existir,
Eu ofereço minhas entranhas, sem resistir.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A Arquitetura do Caos N'um Devaneio Vespertino

O meu esqueleto é furtivo,
Foge da dor de ter existido,
Sob a esfinge do tempo detido,
A Realidade torna-se mero atrativo,

Para o transtorno, oblíquo ao destino,
Por hora evito o convívio em desatino.
Apenas Eu e a solidão ocre-vociferante,
Companheira ideal para a ferida do instante,

Um brinde ao vácuo e a liquidez neuronal,
Eis minha proposta para a égide infernal,
Do reducionismo que congrega minha rigidez,
Aos espíritos sem luz que me oferecem frigidez,

A simplória espera é mais que espera,
Torna o verso duro e o sangue escuro,
Pois, minha condição reitera,
A Derrota que tanto procuro.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Ode a Elegia

Da Posse de Ontem à estiva na alma,
Aquilo que me corrompe é o trauma,
De existir entre o corte e a poesia,
De responder à paisagem com afasia

Pois, da cinesiologia gasta e apática,
Aos espasmos do meu rosto em desalento,
O que prevalece é a fórmula drástica,
Dos meus sonhos trêmulos ao relento,

E, uma vez mais, encontro o pior de mim...
Quando o sorriso assombrado reflete no marfim,
O sangue que segue envenenado à exaustão...

E o solilóquio que havia pretendido,
Jamais poderia ter [sequer] existido,
Pois o erro do Poeta é sangrar sempre em comunhão!



“... Todo poema, com o tempo, é uma elegia..."
Posse de Ontem. Jorge Luis Borges

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Poema Fantasma

A paramnésia concomitante da saudade,
Frasco a frasco me apaga desta cidade,
E este punhado de memórias retalhadas,
Reflete, distorcido, as derrotas entalhadas

Que trago, ausente, em meu peito.
O pleito daquilo que não é, e o efeito,
Da amnésia à que fui resignado,
Refratam apenas o signo sujo e estagnado,

Dos Méritos que pude e não tive,
Das minhas noites rubras em declive,
Dos lugares que eu fui e não estive.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Um Ínfimo Pedido

A catarse de memórias não dissolvidas
Que envolve minhas mortes mal resolvidas
Traça traços esparsos de dor exumados
Das notas do dissabor aos sonhos enterrados

Eu procuro não ser mais que meros pedaços
De saudade sem sangue jogada entre espaços
E espasmos de realidade. A real idade
Da minha sombra encontra a felicidade

Disforme no sonho risonho que conforma
E corrobora a derrota sempre em reforma
Dos passos que trilho pelas conjunções
Conjurações ríspidas da vida e suas distensões

E sob o véu velado do verso rasgado
Um ínfimo pedido atrelado e engasgado
Ao meu corpo sem gosto jazido na imensidão
Uma dança entre vértebras e rimas que brinde a escuridão.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Perdidit Antiquum Litera Prima Sonum*

O que eu peço é um verso enochiano
Para que possa, entre sombras, atrelar
Cicatrizes profundas na linha rubro-jugular
Do meu solilóquio confuso e paulistano

Pois, existo apenas dentro de mim mesmo
Uma espécie sóbria e indecisa de reclusão
Que tento a cada verso não deixar a esmo
Mas meu fim é sempre o odor dolorido da repetição

Consistente que externo osso a osso
Procurando poesia-morte fosso a fosso
Do meu olho anômalo e mal projetado
Ao mau agouro nômade que trago atado

Nas notas de rodapé da minha essência
Eu verbalizo a falta por excelência
E, novamente, cometo o acometido assassinato
De oferecer à Poética meu simplório orfanato.

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As antigas letras perderam seu primitivo som*

Primeiro poema do ano.