terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O Preterido

"Morreste! E era só junho para tua alma!
Ah! não devias perecer tão linda!
Tu não podias perecer ainda,
Morrendo assim tão calma!"


Da carne suja ao verso reticente,
Eu retiro a apóstrofe deficiente,
Do meu medo subordinado às memórias,
Pois sangro o presente costurando [in]glórias,

Na alma, insossa, que já não canta,
No canto, insano, que já não espanta,
O sussurro de tantas histórias mortas,
Afogado neste punhado de repetições tortas.

E, das vértebras do cadáver calado,
Abrem-se vúlvas para meu Passado,
Certamente o terror é mais que corporificado

Aqui. Pois, possui nomenclatura alva,
Da palavra que transa calejada e calva,
Eu, por fim, canibalizo meu credo. Sem ressalva.

Acabei de escrevê-lo...

domingo, 27 de dezembro de 2009

Das Novas Condições

A palíndrome execrada destes versos
É desconvexa. Alucina-[d]a-mente em berros
Propõe à antropofagia um belo trago,
Pois, do escarro ao escárnio é o que trago,

Entre-linhas tantas, costuro na garganta,
O posto sem rosto do gosto daquilo que não espanta.
E da aliteração à obliteragem, sumo na paisagem
Cinza-inóspita desta vida sem ida, a passagem

Não tem volta. Nem escolta. Só-e-mente,
Corta, repetindo o artigo descrente,
Da velha des-crença, im-pressa na aorta,
A antítese sem forma da fôrma que orna a porta,
Está exposta.

Enfim, em mim

T A L V E Z

Uma resposta. Re-posta no papel que já não é
Nada mais que um saudosismo submisso e sem fé.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Algo Sobre a Invalidez

Da cidade das sombras sem respiração,
Aos portais subterrâneos de Salomão,
A busca eterna por um motivo plausível,
Para ainda estar vivo neste mundo invisível,

Reside na escrita insípida e recuada,
Que cultivo entre a rima fria e laminada,
Na falta que julgo suja em minha insistência
À calma. Síndrome da Real não-existência,

De mais este grimório apócrifo e goético,
Vociferado na liturgia do traço poético,
Que carrego em meu corpo modesto,
Sânscrito com a antítese deste resto indigesto.

Eis, pois, da redundância patológica,
Em atrelar conjunções de pouca lógica,
À repugnância deste triste e incidente verso,
Apregoado com o advérbio sangrado ao inverso,

Eu Arquiteto um punhado de doenças sem histórias,
Findando o fim ínfimo de um brado sem glórias,
Do Silício além-humano enegrecido dos meus medos,
Ao espelho que excita os mesmos erros, sem enredos.

E assim, dedico linhas tantas somente a mim,
Afinal, eu sei que sou a catarse do meu próprio fim,
Apenas mais uma sina descrita pelo Ausente,
Impregnada, pois, na condensação do meu presente.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Aforismo

A poesia é o Oriente do Espírito.

Edgar Allan Poe




"Unthought-like thoughts that are the soul of thoughts"

Eis o mestre de "escrever aos recuos", um dos primeiros semioticistas, cada partícula de seus escritos eram arquitetadas com a aurícula da audácia, levando o signo literário ao extremo, saturando-o. Um gênio.

sábado, 19 de dezembro de 2009

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Mais Um Punhado de Versos Que Não Diz

A sinestesia entre Belial e minha escrita,
Torna a escuridão convicta e restrita,
Para a significação prévia e enforcada
Desta poesia aflita, incerta e deslocada,

Pois, a dor é sempre em primeira pessoa,
Corrobora. Do pronome oculto que ressoa
Ao dissabor repetido do Esquecimento,
Como sempre, eu escrevo sobre o detrimento

Das coisas, dos artigos, das moscas.
É reflexivo carregar pelos ombros,
As garras profícuas dos escombros,

Afinal, se até as conclusões são foscas,
A sofreguidão é apenas oca e emblemática,
Não há mais Oriente para minha condição remática.


Acabei de escrevê-lo...

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Anomalia de um Verso Triste

A similitude entre a falta,
E o que machuca me assalta,
Neste mundo distante e astigmático,
Onde a verdade tem gosto monocromático,

Eu me situo na sombra da minha dor,
Para tentar olvidar, dos ossos, o odor,
De existir postumamente. Asmático e descrente,
Em notas feitas com o sangue escuro e ausente,

Da solidão que não possui mais rosto,
Apenas respiro [entre catacumbas] o gosto,
Amanhecido e incauto do desespero,
Pois trago atrofiado ao corpo o exaspero

Da derrota. Se Escrevo com a alma condensada,
-Dos nervos vazados a esta valsa condenada-
Por que faço destes artigos repetidos,
A mesma liturgia para os edemas [não] esquecidos?


Acabei de escrevê-lo...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pequenas Considerações Sobre a Realidade

Eu visto o inverso dos meus versos
Como alguém que procura prever o próprio erro
Pois, no espelho o que há é apenas o tormento
De saber que tenho a solidão como argumento

Plausível para todo e qualquer momento, afinal
Neste inverno precoce eu sirvo de doença terminal
Às minhas veias gastas em melodias amanhecidas
E sinto a repugnância atacar minhas páginas esquecidas

Como num filme de caráter marginal.



Mais um poema que estará no livro Poemas Noturnos (no prelo).

Veemência

Sou tal qual um sonho,
Incerto e deslocado.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Mais um Poema Abortado Pelo Desconforto

Dedico à Tânatos meu testamento,
Algarismos sórdidos para o tormento,
Das Agruras que guardei na memória,
Pois sei, sou o reflexo da escória,

Que a eternidade fria corrobora,
Alimentando com restos o agora,
- Um lapso de escuridão na história,
Dos arquétipos sujos e sem dedicatória,

E é quando apenas a falha colabora,
Que Sombras batem à minha porta e,
Assombram olhares aorta a aorta,

Pungindo o medo que elabora,
Do meu peito que já não corta,
Palavras de uma língua torta,

Eu sou minha própria língua morta.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mais Uma Noite...

Mais Uma Noite...

Então encontro meu vazio nesta sala,
Novamente é tua falta que me escala,
Trazendo pro peito uma dor desmedida,
Da escuridão que alimenta minha ferida

Etérea, na sordidez vencida a medicina
Que propago é oblíqua, pois sou a carnificina
Desenfreada e abusiva de minhas sombras corroídas,
Propago, pois, um livro de teorias vencidas.

Pra cada hora vivida eu enterro um poema,
E sigo assim colhendo os restos do meu credo,
Inexistente. Aqueles mesmos edemas descrentes,
Dedicados aos doentes de berro em berro,

E o desconforto toma conta dos meus dias.


Mais um poema que estará presente no livro Poemas Noturnos(no prelo)

domingo, 22 de novembro de 2009

História Deslocada

Sob a égide do desgosto,
Figura o fantasma sem rosto,
[Entre verdades suturadas]
Das minhas falhas amarguradas,

Que concatenam a terrível situação,
De descrever a própria vida em putrefação,
Um ato certamente frio e repetido,
Interessante somente ao que é esquecido,

Afinal, é meu livro, um cemitério,
De signos sujos e sem critério,
Delego audácia apenas ao mistério,
De ser o poeta cego e sem hemisfério.

Pois, das memórias mortas que trago,
Estas são as de maior estrago,
Certamente a distância é a ânsia
O interlúdio para o sangue não coagulado.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Dez Versos Para a Noite que Vem

O vértice das minhas tardes,
Esconde-se entre as carnes,
Que figuram neste livro morto,

Onde, sigo escrevendo torto,
Tragédias por todas as partes,
Cravando, no papel, a figura de Hades.

Nos Campos Elíseos, o conforto,
Uma parte límpida em meio ao Lodo,
. . . Eis a ilusão insípida dos frades,

- Que habitam estas linhas com assombro.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Notas para o Verme Interior

As anomalias do meu cérebro,
Resguardam tal qual Cérbero,
Todo inferno neuronal deficiente,
Que congrego, mais uma vez, doente,

A este assomo poético inexperiente,
De caráter goético e inexistente.
Pois meu sangue lírico é agramatical,
Um corpo sem signos, errante e espectral,

Que repete a dicotomia da tristeza,
Frente ao descaso, com assombro e destreza.
“Se retrato a vida funesta como beleza primeira,
Certamente sou o monstro da Moral rameira.”

(...)

E assim meu esqueleto segue amargurado,
Porém sem medo de ser o último significante representado,
Nestas Memórias Póstumas destinadas à deterioração.
Afinal, a morte tem a própria morte como redenção!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quando Baphomet Adormece

A serpente da desgraça me persegue,
Encarnando o veneno na dúvida, consegue
Transmutar o vazio lúgubre da minha alma
A este pântano que concerne todo trauma,

Da vivência adoecidamente conturbada,
Que trago entre a episteme deformada,
E estes relatos notoriamente precários.
São, pois, meus olhos manuais mortuários,

Para todo o assombro fugaz e repetido,
Deste meu caminho dialético e adoecido,
Adormecido pelas forças em oposição,
Que dito a cada passo com rouquidão,

A cada passeio que faço pelos cemitérios
Da humana evolução. Viscosa e sem critérios,
A inexpressão destes ossos [liricamente] é meu mérito,
Pois sei, lápides são dedicadas ao coágulo do pretérito.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Hoje o Blog está de Luto


Pois é, hoje não postarei nenhum poema. Escreverei aqui algumas poucas e humildes palavras sobre talvez um dos últimos grandes pensadores que ainda circulavam neste nosso plano.

Talvez, hoje em dia, pouca gente se importe com este senhor que falecera hoje. Porém, Claude Lévi-Strauss redefiniu a forma de se pensar o ser humano e suas relações. O célebre livro "Antropologia Estrutural" forneceu novos parâmetros para se pensar a Psicanálise pós-Freudiana (Jacques Lacan), a Semiótica/Semiologia, a Sociologia, e claro a Antropologia, que era sua área de estudo, além de uma infinidade de contribuições. Enfim, uma grande perda intelectual e humana. Aos 100 anos recém completos ele ainda dava aulas e pequenas conferências. Bom é isso, o cara que redefiniu o conceito de "mito", hoje, torna-se um.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Poema Bastardo

Sou um livro morto
Sem gravura ou esboço
Não possuo página nem rosto
Meu sumário é escuro e oco

Apenas insetos habitam meu corpo
Póstumo, vazio e fosco
Eis a tríade do desgosto
Sangrada da garganta até o dorso

Com gosto,
Cada capítulo representa um osso
Perdido pelo ausente
Exposto em notas
Costuradas da alma até o fosso

Das idéias intermitentes
Edificadas pelo esboço
De minhas falhas existentes
Eis a contracapa: A morte do esforço.

Afinal, sou um livro morto.

****************************************

Este poema estará no meu livro "Poemas Noturnos", dizem as más línguas, ou as boas, que ele sairá em Novembro.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Meus Demônios

Mais uma noite eu preciso acalmar meus demônios
Sangrando culpa pelo ofício da escrita
Em cada orifício meu me ocorre esta maldita
E eu tento amargar suas manchas com amônio

Contudo, cada marca é profundamente aflita
Sânscrita com fonemas em meu corpo
Sou enfermo por excelência da vida
É mais que sintomático todo este desacordo;

Eu e a mesma sintaxe repetida,
Da complexidade ao estudo do que é escroto
Aqui é onde toda procura [minha] fica retida,
Já não há mais tinta para tanta ferida,
E Mesmo assim o verso continua seu comboio:

-Assegurar a mais prolixa condição para o desconforto.

Por vezes, dói apenas estar vivo
Pois me sinto perseguido neste hospício
São tantas palavras masturbando meu vício
Que

(...)

Eu sou meu próprio manual de autosacrifício.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Relapso Fonético

Uma noite de poemas sórdidos
Onde toda tragédia seja revista
É o que peço com bons olhos
Para minha existência desmedida

Contudo a escrita me foge aflita
E eu não tenho mais versos em meus sonhos
Apenas sangrias a se perder de vista
Reconfortam meu vocábulo impetuoso

Eu nego os vermes da minha língua
Com os mesmos pronomes em primeira pessoa
Sem quimeras, somente uma linha que ecoa
Enfermidades em meu corpo cheio de verdades.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Mesma Lápide Ainda Sangra

Antes mesmo de adormecer
A fobia destes olhos
Encarcera-me de modo abissal
Tal qual A morte de Abel
Descrita num quadro vertiginal
De paisagens ocras.

E deito-me neste leito
Generoso ao fracasso
Ante o céu e suas pragas
Vejo-me escondido
Vejo-me esquecido
Repetido entre as lacunas
De dias não existidos.

E pelas córneas trêmulas
Uma noite denuncia suas verdades
Aos prantos atiro lâminas
Ofuscando veias gastas.

Então divago,
A porta entreaberta
O cadáver putrefágico
Um destino trágico
É a sina do poeta.

Abro o livro dos fracassos
E As palavras purificam-se
Cada qual por si só
Como um castigo premeditado
Estátuas de sal
[Compactuando]
A beleza natural
Dos erros de Gomorra.

Poema antigo, escrito lá pelos idos de 2006.
Não lembro a data exata, pois penso -humildemente- tal qual Quintana: "Teus poemas, não os dates nunca..."

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Diffindo Angustia

O antônimo da minha solidão
Reside no vazio de cada instante,
Pois, se o presente já é a extinção,
A temporalidade é oblíqua. E obstante

Faz da sofreguidão a consoante,
Que entoa certa lucidez errante,
Entre a memória lúgubre e amoral,
O meu agora sofre úmido e sem final,

Quando o tempo torna-se lúdico,
E eu respiro o tormento pudico,
De cada pensamento que tento verbalizar,

Contudo, meu caminho continua lívido,
E cada demônio reside aqui, vívido,
Pois a angústia pura não se pode simbolizar.

Aspectos

"Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco."

O vazio pretenso à existência
Diz como me registro deslocado,
Neste mundo cansado da ausência,
Onde fulgura incólume o desfigurado
Aspecto antropofágico da urgência,
Que alimenta mais este verso apagado.

Oferecendo as carnes minhas ao descaso,
Pois, tenho certa doença intelectual,
Que se desloca pelo sangue oco e esparso,
Em busca de mais algum escrito residual.
Eu costuro virtudes neste léxico cansado,
Tentando fugir da desgraça poética proposital,

Que aplaca meus dias dialeticamente fugidios.
Será o Real apenas face da Primavera e seus vestígios?

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Do ato de [d]- escrever

A partir do momento que me descrevo já não sou mais o mesmo. O discurso torna-se endêmico, refém da fala e também seu amuleto. Eis um aspecto da destreza que há na beleza da humana condição: ser paradoxo para a sinfonia e a dialética da contradição!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O Problema de Três Estrofes Simbióticas...

Veemente, dedico meus versos ao descaso,
Pois estar vivo é estar ao acaso,
Da realidade antropofágica intangível,
À angústia de pensar o indizível,

Em mais este punhado de pragas ausentes,
Costuradas à sombra dos Deuses descrentes,
Que enfatizam, abruptamente, a falta,
Elaborada com o sangue da tristeza incauta,

Carregada pelo universo aqui descrito,
Repetindo a fórmula do fracasso restrito,
A mim e ao meu espelho exaurido...
Afinal, eu escrevo por não ter sido.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Jorge Luis Borges



Soy los que ya no son. Inútilmente
Soy en la tarde esa perdida gente

Sou os que já não são. Inutilmente
Sou em meio à tarde essa perdida gente

Existem versos que eu realmente gostaria de ter criado. Porém, deixemos a genialidade para os gênios.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Flectere si Nequeo Superos, Acheronta Movebo

Flectere si Nequeo Superos, Acheronta Movebo

Eu legitimo minha posição neste mundo,
Olvidando-me nas sombras do acaso fecundo,
Destas teorias que crio para a eterna busca,
Para a eterna fuga de minha tragédia Etrusca,

Pois sou, afinal, aquilo que não é
Talvez tenha sido onde não existi,
Carrego a maldição de Sísifo com fé,
Se minha alma é atemporal eu me esqueci,

E nas melodias da Primavera busco retidão,
Cravando o inexorável Real com rouquidão
Nestes passos tortos, que já não merecem atenção,

Pois o funeral da minha escrita é decorrente
Da mesma repetição maldita, apócrifa e descrente,
Eu respiro a antítese da vitória. Molestado e doente.

domingo, 4 de outubro de 2009

Notas Sobre a Condição Humana

Notas Sobre a Condição Humana

A tristeza desta sala não tem nome
Ela apenas existe e corta conforme
Meu corpo sem signos se dissolve
Entre os tecidos que a distância envolve

Dos dissabores que a poesia fúnebre promove
À falácia humana que somente comove
O Corvo, Os Doentes e seus contornos
Sem corpo, eis a Ausência e seus transtornos

[P O I S]

O constructo da verminologia que proponho
São versos grafados com o sangue risonho
Da minha duplicidade estreita e necessária
Eu já não sou mais nesta escrita presidiária.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mais um Punhado de Versos Doentes

Eu existo análogo à existência,
Persisto pelos ossos da tangência,
Respirando a rouquidão da minha alma,
Em troca da ilusão que traz a calma,

Pois minha vida é simplesmente afasia,
Repetidos anátemas frios e sem melodia,
Da falha corriqueira à prisão da fala,
É a inalcançável realidade que me cala,

Perpetuamente, e me coloca defronte,
À eterna falta, uma dívida sem horizonte,
Que guia minha psique direta ao Aqueronte,

E eu não sei em qual degrau sucumbirá,
A Minha vontade. Talvez o que triunfará,
Será apenas o canto macabro de Caronte.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Da Escrita Doente

Da Escrita Doente

O vácuo que paira entre a falta
E a certeza, me desfaz com destreza,
Quando minha escrita se mostra incauta,
Para o medo do modo como a Natureza

Dilacera o epicentro da minha vida,
Declarada nesta estética da contrapartida,
Pois eu bem sei, meu caminho é só de ida,
E minhas ideias obscuras, de origem sofrida.

E se toda anomalia que, configurada
Página a página, torna minha vida amarelada,
Simplesmente pudesse ser quebrada?

Certamente eu não saberia o que fazer.
Afinal, eu sou aquele que aprendeu a conviver,
Com a solitude da profissão de escrever.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Poemeto com Final Feliz

Poemeto com Final Feliz

Eu sinto meu peito pulsar uma canção,
Que, momentaneamente, afoga a aflição,
Tão característica do meu verso doente,
Pois bem sei, deles sou o mais descrente.
Contudo, este dia que nasce é diferente,
Traz cor à minha palidez de poeta ausente!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Uma Canção Desastrosa

Uma Canção Desastrosa

Sou o substrato da fuligem nua
Que compõe a métrica vazia desta rua
Pois a dúvida nasce, novamente, aborrecida
Em meus nervos de tonalidade adoecida

E são sempre as mesmas palavras assombradas
Que eu enfileiro nestas linhas empoeiradas
Para a problemática eterna que me sustenta
É, pois, a tristeza é maior que aparenta

Ser, nestes fragmentos dedicados a não existência
De lápides para o que enterrei com veemência
Talvez por isso ainda existam espíritos tortuosos
Aqui ao meu lado, sussurrando dizeres viscosos

Sobre a vida errante e nefasta que me corta
Quando a noite nasce e o desespero bate à porta
Não há rito ou liturgia para a ínfima cosmogonia
Que conduz a dialética insuficiente da minha agonia.

Introspectivo. Demasiado Introspectivo

Introspectivo. Demasiado Introspectivo

“... este é um livro póstumo... escrito para os de espírito livre..."

Esta hidrocefalia não é tão acidental,
Veste minha virtude com certa liquidez proposital,
Se minha epanalepse é amoral, por que insisto
Em criar mais este verso onde não existo?

Eu desconstruo as palavras, ora por gosto,
Ora por não ter um rosto. Mais uma vez,
É a ínfima congruência que me escala,
Do medo e suas larvas. Meu caixão continua exposto,

E eu sigo sem entendimento, minha doença
É o confinamento de tantos e tantos poemas
Que não possuem destino, ouvinte ou crença,
Em meu calabouço mental, eis a cerebrastenia e seus emblemas.

Eu sou sempre meu assunto sem final,
E a anartria nunca é especial, principalmente
Quando me encontro nesta sala, inerte e descontente
Com a celebração da minha cerebração, tão insuficiente
[para o velho espelho de sempre]

- E assim prossegue a maldição.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Haikai Para Uma Noite Insone

Haikai Para Uma Noite Insone

Eu sou onde não existo
Insistindo onde não sou
Escrevo porque persisto
Da essência que me restou.

domingo, 20 de setembro de 2009

Pequenas Considerações para Grandes Acontecimentos

Enquanto a insônia me domina... eu escrevo.


Pequenas Considerações para Grandes Acontecimentos

A madrugada sangra melodias de primavera,
Mandando cartas para sombra da quimera
Austera, que toda minha poesia carrega, pois,
Nestas linhas, hoje, é a felicidade que congrega,
Dos meus devaneios doloridos à total entrega...
Ah! Quanto tempo a esperança não me carrega!

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Da Eterna Procura

Acabei de escrevê-lo...

Da Eterna Procura

Serão meus dedos apodrecidos,
Justificativas para estes versos adoecidos?,
Se meus espelhos quebrados e catalépticos,
Refletem apenas os gritos epiléticos,

Do egoísmo demasiado histérico,
Que carrego neste caminho poético,
Entre a carne e o verbo exotérico,
Reside a realidade e seu corte hemisférico.

Já a efemeridade do desejo amanhecido,
Ressalta a repetição pronominal a que convivo,
Pelos buracos do meu Eu escurecido,
A estas linhas de caráter lascivo,

Eu sigo procurando o aspecto lírico,
Dos meus poemas insolúveis e esquisitos,
Afinal, aqui não há nada de empírico,
Apenas considerações dedicadas aos mosquitos.

domingo, 13 de setembro de 2009

Escatologia para uma Noite Minguante

Escatologia para uma Noite Minguante

Eu calculo as minhas falhas
Sempre em primeira pessoa,
Fazendo cortes nas mortalhas
Evocando o pus que ecoa

Da eterna ferida que marca,
Meus poemas gastos com farpas.
E o sangue que escorre e ultrapassa,
Faz do inverno uma enantema sem graça,

Da garganta até a alma rasgada
Eu e minha sombra formatada
O mesmo caminho em digressão
Ao pântano das idéias abortadas

Eu. Minhas falhas, a fala escassa
E a fuga para a metástase da falta
Que marca, em mim, verdades com diáspora
Entre os respiros do artigo e da metáfora,

Eu sigo adoecendo pouco a pouco,
Mais uma noite descrevendo o verso rouco
Que mora
em mim.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Da Eternidade Poética

Escrito agora...

Da Eternidade Poética

O vazio que me corta é amarelo
Feito com o sangue das flores
Dos meus suspiros nascem dores
Alimentadas com o suor e o farelo

Destes ossos poéticos desfigurados
Que abraço com sonhos assombrados
E teimo em externar pedaço a pedaço
Neste papel-velório que carrego pelo braço

Onde traço meu trajeto solitário
Sou aquele de aspecto demasiado mortuário
Solidário com a falta e sua imposição

Afinal, minha memória é tal qual um caixão
Robusta, fria e carrega uma maldição:
Escrever poemas [sempre] em decomposição!

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Poema Antigo

Poema Antigo

Hoje vou trair a solidão
Com a embriaguez de meus sonhos rasos
Arrancando da alma a rouquidão
Em troca de alguns poucos aplausos

Para minhas pragas cultivadas em mortalhas
Laminadas em esperança sem calor
Eu celebro histórias derrotadas
Pois a melodia dos restos é sem sabor

Sob meus pensamentos ressecados
Sobras de sombras atormentadas
Que justificam meus pecados

Em nome da calma não retratada
Neste meu encalço,
De criar uma poesia sem passos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um Verso Zumbi

Um Verso Zumbi

De todas as almas recombinantes,
A minha é a consoante,
Que intercala o vazio pretenso,
Dia após dia sem argumento,

Para o caminho só de ida,
Do meu desejo que sei, nunca se realiza,
Somente falta, tal qual minha vida,
Representada nestas neuronas doloridas,

Por mais que eu queira, nunca esqueci,
Sou apenas o signo de um verso zumbi!

domingo, 6 de setembro de 2009

Talvez Seja Assim Mesmo

Um verso feio que dedico para este domingo feio...

Talvez Seja Assim Mesmo

Se o meu agora já não pode ser
Do futuro eu espero um 'nem sei'
Do pronome faço predicado
[Pro passado
Mais que um pretérito afogado, pois

Meu pleonasmo é pleno e
Ardilosamente o visto com o enterro
De umas quatro ou cinco meninas mortas
Que ainda perambulam em algumas das aortas
Minhas. Com muito desespero
E como sempre um pouco de exagero
Da minha parte. E o exaspero
Também faz parte...

Da beleza que não possuo
Do verso que não recuo
Da fobia que transformo em arte (?)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Poemeto Para Esta Noite

Dos meus dedos escapa a escuridão,
Pois hoje vou trair a solidão,
Afinal, eu tenho o mais nobre motivo:
Contemplar, novamente, o teu belo sorriso.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sobre o Fenômeno do Real




"O real é aquilo que não é o que eventualmente dele pensamos, mas o que permanece não afetado pelo que possamos dele pensar."

Charles Sanders Peirce

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Repetindo a Velha Fórmula

Escrito nesta tarde...

Repetindo a Velha Fórmula

Deste punhado de canções mortas
Que carrego em minhas memórias,
Figura a saudade além das aortas,
Cortando a simetria das histórias,

Respiradas com a deformidade categórica,
Da minha inversão profunda e alegórica.
É na [in]certeza da solidão derrotada,
Que esta página [fria] é enterrada,

Se meu lirismo segue afastado,
Destituído de qualquer brilho congregado,
Por que profiro mais este verso afogado?

Talvez pela insistência [minha] mortuária,
De descrever esta sina crua e residuária,
Esquecido pela Nobreza. Feito um Pária.

domingo, 30 de agosto de 2009

Versos Interrompidos Numa Noite Não Muito Distante

Versos Interrompidos Numa Noite Não Muito Distante

A noite fria diz qual será a melodia
Que acompanhará meus pesadelos ralos
Nas neuronas doloridas fará estadia
Toda insatisfação da dúvida e seus abalos

Pois, o corpo [já cansado] diz versos secos
Na eterna espera por agrados dantescos
Do legado sujo, torto e dilacerado
Às insígnias profícuas, funestas e de mal grado

Afinal, o meu evangelho é sempre incompleto,
Falta nele...
A plenitude e a cor do regresso.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pequenos Apontamentos para uma Tarde Estranha

Pequenos Apontamentos para uma Tarde Estranha

Estas linhas tortas descrevem estigmas
Feito enigmas pulsando das aortas
Eis que traço um traço descontínuo
Que diz como minha alma se comporta

Batendo à porta da efemeridade
As normas rogam junto ao vento
Pois eu vendo a enfermidade das formas
Deixando a boa tristeza ao relento

Então surge a melhor das propostas;
-Viver sem pensar nas respostas.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Virtude Irregular

Virtude Irregular

Eis mais uma Noite dos Vencidos,
Onde eu dedico versos esquecidos
A tudo que era pra ser e não foi,
Da minha filogênese que não compõe

Aos ditames da dor pré-estabelecidos,
Eu respiro afasia entre espasmos fatídicos,
Para a falta de conforto hemofílico
Que a morte entre nossas almas propõe.

Aqui não há mais sangue ou retorno,
Pois eu carrego nos ombros o transtorno,
De dialogar, exilado, com meu passado
Que corre doente em meu corpo coagulado,

Assim busco lâminas para meu contorno,
Utilizando versos regurgitados como adorno
À minha Ignóbil condição de amargurado;
Eu sacramento a virtude de ser fracassado.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Verdadeiro Tormento

O Verdadeiro Tormento

Minha sanidade tem prazo de validade
E o meu regresso é sempre incompleto
Atribuo a isso a razão do meu insucesso
Na poesia, pois ter tanta complexidade

Não ajuda, em nenhuma idade
A expor a idéia nua, crua, perfilada
Em sangrias malogradas, cruelmente dedicadas
Aos desencantos que me compõem.
É, pois, a rima que me expõe
Aos ditames arregaçados
Das palavras que ardem sem braços
Pra segurar tantas falhas,
Tantas garras em meu dorso;

- sou acometidamente a desgraça
Pungente, sem olhos, nem dente
Pra dança que a morte encena
Todas as tardes nesta praça

[Que eu já não freqüento...
Pro meu mal não há mais nem ungüento]

Sou o rompimento nervo após nervo
Entre a delícia de sofrer e o verdadeiro tormento.

Um Canto Homófono Dividido em Dois

Um Canto Homófono Dividido em Dois

A nefralgia da derrota
Sabe de mim dia dia
É isso que importa
Para a Romaria fria

Que conduz minha alma
De poeta sem calma
Do vale sisífico
Até o ausente metafísico

Onde o medo concorre
Com o apreço [cego] que escorre
Da minha dor, especialmente, restrita
Transformando em vernáculo cego
Toda a escrita aflita

Postumamente repetida e costurada
[Feito metonímia]
Em minha carne apócrifa;
Adjacente às indissolúveis insígnias
Eu tento decifrar a morte heterogrifa
Que carrego em minha poesia;

- E assim mais um dia nasce sem resposta.

sábado, 22 de agosto de 2009

Vou Dedicar Este Poema à Angústia...

Vou Dedicar Este Poema à Angústia...

Vou dedicar este poema à angústia.
Uma forma rústica de estilizar meus edemas
Literários. Inúmeros escarros e seus emblemas,
Nestas linhas plenas eu formalizo o desamparo,

A perda, meu egoísmo e figuro o retrato
Da espera. A seqüela é feita de rosas amarelas,
Hematomas da natureza que roubam minha aquarela,
Eis quando meu corpo torna a escrita pura querela,

Afinal, sou sempre meu destino abissal,
Adoeço, demasiadamente, porque penso,
Doloridamente penso, aforismos dermatológico-densos
Que eclodem daqui de dentro e externam meu final

Eu decifro ossos feito anátema(s).

Certamente sou meu maior problema;
- Como sempre.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Profilaxia Ineficaz

Escrito nesta noite...

Profilaxia Ineficaz

A tonalidade da insatisfação
Evoca o pudor dos meus fantasmas,
Exalando da distância, a sensação
De colorir palavras com aspas,

Ah! Velha saudade,
Por que estás tão estática?
Quando meu problema é residual,
Para toda temática individual,

Fincada na morada dos mortos
Moralmente, por pensamentos tortos,
Do meu psiquismo trêmulo,
Aos ditames do escorbuto e do pêndulo,

Que atestam minha decomposição sem final,
Pela ética do instante difuso e amoral,
Eu externo os problemas do meu mausoléu,
Através de uma eugenia fúnebre e sem véu.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Demônios Na Avenida

Demônios Na Avenida
Ou sobre como seria um último poema na primeira pessoa do plural

Sou convalescente com sua presença,
Mesmo que não me notes na sua existência,
Nem sinta meus planos enterrados,
Afinal eu sou aquele que foi exilado,
Dos nervos à essência, perfilado,
Pelos mil olhos ácidos da consciência.

Eu caminho pelas sobras do que foi regurgitado,
Destituído e desamparado nestas ruas,
Onde espíritos escuros degustam as carnes cruas
Do meu corpo indigesto e cansado.

Eu nem sei mais respirar sem teu nome,
Porém a vida é fatigante e segue disforme,
E esta é a melodia para o fim dos [nossos] dias.
Assim termina mais uma epopéia de linhas frias.

Pequeno Devaneio Numa Madrugada de Inverno

Pequeno Devaneio Numa Madrugada de Inverno

Hoje, eu tento fugir da calma perfídia
Culpando meus anjos tortos por tal traição,
Um dia, quem sabe, minha escrita seja Idília
E indique mais que a certeza da putrefação...



-Quando existir cansa não há dança que nos livre do triste fardo de acordar

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Versos a um Espelho Decadente

Escrito na manhã de hoje...



Versos a um Espelho Decadente

O meu romance é necromante,
Ressuscita dores a todo instante,
Das trinta e três vértebras apodrecidas
Às árvores mortas e esquecidas,

Em meu bosque interno,
Permeado pelas flores do inferno,
Eu agrado a degradação dos laços,
Desgraçados que atormentam meus passos.

E o desprezo faz teu nome vil,
Quando o pronome me sussurra sutil,
A solidão repetida e veemente,

Que atrela sangue à palidez.
Da minha escritura sem rigidez,
Sou a criatura mais descrente!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Altum Sapere Pericolosum

Altum Sapere Pericolosum

Eu me transformo nos meus próprios erros,
Numa espécie de Licantropia mal calculada,
A personificação que retrata o medo,
E rasga a carne indigesta e putrefada,

Do meu anseio, alimentado com vértebras estragadas,
Pela esperança de sonhar sem ter as asas queimadas;

(...)

Eis a condição da realidade e seu enredo,
Propício à incerteza dos acontecimentos,
Afinal, sou, pois, o Poeta do Esquecimento,
Das doenças, do corpo humano em detrimento,

E assumo minha posição.
Desconstruo a poética,
Cravando no peito
A mesma canção corroída,
Que desmembra morfemas
E amortece a dialética,
De forma dolorida,
Procurando o sintagma do coração;

Para tanto é necessário mais que um enterro,
Por isso eu sou sempre o meu próprio erro.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Paráfrase Para uma Tarde de Inverno

"Era uma página espantosa do registro de minha existência, toda escrita com sombra e com medonhas e initeligíveis recordações"
Berenice. Edgar Allan Poe

Paráfrase Para uma Tarde de Inverno

Um diálogo sombra a sombra
Eis o que proponho
Para o gosto enfadonho
De visitar o que me assombra

Dos cortes de cada poema
Que insisto em não recitar
Às dores da minha escrita-enfisema
Nesta sala fria e singular

Eu traço diagramas sem fala
E é o vazio que me escala
Esfolando minha alma oca
Quando os dentes escapam à boca

O terror é análogo àquele odor
Da mesma moça morta, lá no canto
Que, para meu total espanto,
Emana um fantasmagórico calor!

-Abruptamente, quando abro este livro esquisito,
Por um breve momento eu esqueço que não existo.

Escrito neste exato momento.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um Relato

Um Relato

Os meus livros me assombram
Numa tríade específica de transtorno
Que edifica e concede ao meu abandono:
Lápides, covas, carne podre como conforto,

Para a ausência e sua fome
Por uma veemência sem pretérito,
Onde o sacrifício reside no espelho [conforme]
Eu sigo respirando espinhos apenas por mérito.

Outras motivações não mais me assolam,
São as pequenas considerações que me esfolam,
Pois minha verdade é apenas...
Vontade sobre vontade,

De repetir sempre os meus problemas
Dissecados num corpo sem fonemas
Que não, não mais se confrontam...

É, pois, meus livros me assombram.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Possibilidades do Verso Livre

Possibilidades do Verso Livre

Eu sou onde não existo
Insistindo onde não sou
Escrevo porque persisto
Da essência que me restou

Talvez, de um tempo não vivido
Entre as víboras do mal convívio,

Eu respiro a doença em primeira pessoa.

Sempre é o caos transcendente que ecoa
[Sobre mim
E é o manto de Caim que se ergue
Novamente e me persegue
Feito peste,
A peste e seu efeito,
Não há defeito que me reste
[saborear
Eu simplesmente não consigo mais sonhar.
[achoatéquejáescrevisobreisso]

Eu
Eu
Eu

E sempre o mesmo rastro
Exalando o exílio do fracasso
A desgraça faz seu teste
Atesta no meu corpo
As anomalias do desgosto
Eu carrego a grandeza de Teseu
-Invertida.

Quando

Nove anjos caídos me acompanham,
Talvez minha alma seja sortida.

Ou não.

Sou só mais algum fantasma,
Perfilado pela má sorte e pela asma,
[poética dos que a morte encantadoramente cantam]
Que faz do desconforto uma perversão divertida.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tentando Manter a sanidade (?)

Anfepramonalmente Descrevo Minhas Tardes

A mão trêmula testa versos sem encanto,
E atesta minha persona com espanto,
Entre a Besta e o Outono vespertino,
Os ossos batem em ritmo libertino,

É assim a relação Poeta e desatino,
Que das mônadas refaz o triste hino,
Para a condição egoísta e angustiante, de,
Ter o coração vazado instante após instante,

Pulsando feito o vento uivante,
Nas veias da garganta conflitante,
O corpo inquieto produz caoticamente energia,
Na sinestesia que oscila do limbo que emergia,

Em mim, numa época não muito distante.
Quando palavras eram lâminas, e não obstante,
Faziam assim sua oposição conspícua,
Tracejando cortes na carne Oblíqua.

Mais uma vez a sina das minhas carnes doloridas,
E eu corro dela tomando duas pílulas coloridas.
Dia após dia.

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Olá olá!
Prosseguindo com o que tenho em mente, postar uma poesia nova todos os dias,
vou procurar não ficar comentando nos posts, justamente para enfatizar os poemas que aqui colocarei.


Samuel Malentacchi

domingo, 9 de agosto de 2009

Iniciando as Atividades

Há tempos eu possuía um blog onde colocava alguns versos de minha autoria, porém não conseguia estruturar formas coerentes de postagem. Agora, contudo, pretendo atualizar este diariamente. Veremos como me sairei =)


Pois bem, para começar, um poema que escrevi hoje...


"Ninguém pode prever o que será a partir daquilo que é" Antígona - Sófocles

O Labirinto

Meus ossos secos dizem pouco,
Sobre a letargia da falta,
E O sangue que corre rouco,
Faz descaso para razão que salta,

Das páginas [minhas] apregoadas,
Obstinadamente deslocadas,
Pelas vozes de outrora,
Que fulguram no meu agora,

Trocando olhos por pregos,
Certezas por feridas amanhecidas,
Eu caminho entre os cegos,
Reclamando por cores [ainda não] enegrecidas,

Então este vácuo sob os dias,
Se apresenta como redenções frias,
Para o soluço da Razão que falece,
Pois, sei, meu medo não me esquece.