sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Paráfrase Para uma Tarde de Inverno

"Era uma página espantosa do registro de minha existência, toda escrita com sombra e com medonhas e initeligíveis recordações"
Berenice. Edgar Allan Poe

Paráfrase Para uma Tarde de Inverno

Um diálogo sombra a sombra
Eis o que proponho
Para o gosto enfadonho
De visitar o que me assombra

Dos cortes de cada poema
Que insisto em não recitar
Às dores da minha escrita-enfisema
Nesta sala fria e singular

Eu traço diagramas sem fala
E é o vazio que me escala
Esfolando minha alma oca
Quando os dentes escapam à boca

O terror é análogo àquele odor
Da mesma moça morta, lá no canto
Que, para meu total espanto,
Emana um fantasmagórico calor!

-Abruptamente, quando abro este livro esquisito,
Por um breve momento eu esqueço que não existo.

Escrito neste exato momento.

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