quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Demônios Na Avenida

Demônios Na Avenida
Ou sobre como seria um último poema na primeira pessoa do plural

Sou convalescente com sua presença,
Mesmo que não me notes na sua existência,
Nem sinta meus planos enterrados,
Afinal eu sou aquele que foi exilado,
Dos nervos à essência, perfilado,
Pelos mil olhos ácidos da consciência.

Eu caminho pelas sobras do que foi regurgitado,
Destituído e desamparado nestas ruas,
Onde espíritos escuros degustam as carnes cruas
Do meu corpo indigesto e cansado.

Eu nem sei mais respirar sem teu nome,
Porém a vida é fatigante e segue disforme,
E esta é a melodia para o fim dos [nossos] dias.
Assim termina mais uma epopéia de linhas frias.

Um comentário:

  1. Me comove pela delicadeza rude das palavras, a construção leve, a verdade que cada linha transparece, a frieza de descrever em detalhes sensações demoníacas (?) e doloridas sem deixar escapar seu ar emotivo. Podem parecer características de tudo que você escreve, mas gostei bastante desse, como já te disse. [Vale reforçar aqui tb].
    beijos meus

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