segunda-feira, 18 de março de 2013
Neologismo Presencial
Pensei não temer a morte
Mesmo sendo tão temeroso
Defronte o fardo asqueroso
De uma vida sem sorte,
Estava enganado. O perplexo
Processo de uma existência
Não precisa de insistência,
Simplesmente é complexo.
Entre idas, vindas e estáticas
Disformidades atávicas,
Permaneço no labirinto
Das possibilidades (im)possíveis,
São estas taras verossímeis
Que paradoxizam meu instinto.
segunda-feira, 11 de março de 2013
A Fórmula do Fracasso
a vida e suas
eternas partidas,
sempre sentidas
no sentido das ruas;
ilhas que repetem
dejetos manifestos,
suspiros & gestos,
pelos deuses, encetem
algum pormenor alhures,
talvez tu te cures
deste resumo insosso
que somos. Não desista,
como todo extremista,
cavamos o mesmo fosso.
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Conspiração Ctônica
Que meu nome seja Esquecimento
Como Borges tantas vezes desejou,
Ao mármore aquilo que não sou;
O livre logro do tormento,
Da unanimidade que se afogou
Retiro as amarras do intento,
Este, que não torna isento
O homem da amargura que criou,
Entre a procissão e o desconforto
Dos impasses deste aborto
Transubstancial resta apenas
A chance que já nasce perdida,
A telúrica volta é ardida,
Pois as suas revoltas são obscenas.
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
In Memoriam
A anacronia que prevalece
nos meandros destas sepulturas
qual chamamos de esculturas
pessoais, é o que tece
o silêncio enquanto resíduo
daquilo que atordoa
a fissura que ecoa
o tão proclamado indivíduo.
Do ruído cultivado lapso
a lapso, retiro intenções
fazendo algumas considerações
sobre o iminente colapso
que condeno neste verso
sem qualquer moralidade
escrito para a humanidade
adoecida de modo perverso.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Pausa Querelada
Poderia ter sido
mas não, não foi
o fracasso impõe
o teu nome tossido
em meu caminho
e eu sigo sendo
o não do dividendo
o nó do redemoinho
que dissolve dias
em anos, em estadias
na lápide rendida
do tempo destruidor
que serve de fingidor
para a razão iludida.
domingo, 20 de janeiro de 2013
Noite Interminável
A obliteração ecoa
Por entre minhas sinas,
Eu a sinto nas narinas
Rasgando tudo que destoa
Da vulgar respiração.
Freneticamente aspiro
A violência num suspiro
Acelerando toda a ação,
O colapso é momentâneo,
Eu esfacelo o meu crânio
Pensando pesares plurais.
Então, mais um gole,
A verdade sempre engole,
Na secura, e pede mais.
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
Nota(s) Para Um Café Insuportável
A destruição é intuitiva
e o fim torna-se inevitável
através desta detestável
corte que corta a saliva
do tempo já ressecado.
Somos o gesto retraído
de um desejo refletido
no impossível não alcançado.
Contentamo-nos com a surdez
e com o vazio da escassez
deste eminente desconforto.
O que intui... destrói
de tal modo que corrói
este [meu] estado semimorto.
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