segunda-feira, 26 de outubro de 2009

A Mesma Lápide Ainda Sangra

Antes mesmo de adormecer
A fobia destes olhos
Encarcera-me de modo abissal
Tal qual A morte de Abel
Descrita num quadro vertiginal
De paisagens ocras.

E deito-me neste leito
Generoso ao fracasso
Ante o céu e suas pragas
Vejo-me escondido
Vejo-me esquecido
Repetido entre as lacunas
De dias não existidos.

E pelas córneas trêmulas
Uma noite denuncia suas verdades
Aos prantos atiro lâminas
Ofuscando veias gastas.

Então divago,
A porta entreaberta
O cadáver putrefágico
Um destino trágico
É a sina do poeta.

Abro o livro dos fracassos
E As palavras purificam-se
Cada qual por si só
Como um castigo premeditado
Estátuas de sal
[Compactuando]
A beleza natural
Dos erros de Gomorra.

Poema antigo, escrito lá pelos idos de 2006.
Não lembro a data exata, pois penso -humildemente- tal qual Quintana: "Teus poemas, não os dates nunca..."

Nenhum comentário:

Postar um comentário