quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Urgência

Do preâmbulo aos seus recônditos,
a discórdia marca brônquio a brônquio
a evidência que aveluda o binômio
destes quiasmas que não possuem súditos,

quando a nulidade alia-se a repetição,
ataraxias rubras vertem as falhas,
os meus versos não merecem medalhas,
pois eu sou a insuficiência sem caixão,

e a minha monstruosidade não é digna,
a volúpia destes espectros apenas designa
a frieza de mais uma noite não digerida,

assim procura o poeta a conjectura,
algum verso que não seja atadura,
alguma esperança que não esteja de partida.


Eu iria atualizar o blog apenas na semana que vem, todavia hoje é uma data especial e como escrevi o poema acima nesta manhã, resolvi publicá-lo em homenagem a um dos maiores escritores de todos os tempos, Jorge Luis Borges.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Metafísica do Desconforto

Eu prorrogo a minha estadia
Na alcova destas sombras dominadas,
Consumido pelas labaredas da fobia
Que reflete(m) tantas vozes desgraçadas,

Quando a fatalidade precede a alegoria,
As súplicas escorregam enforcadas,
Destas rubricas tortas e destroçadas
Retiro as navalhas para a agonia,

Interminável agonia de poeta maligno,
Do desatino ao ato persigno
Três sinais... Apenas três exponenciais

Da desgarrada ilusão que resigno.
A insuficiência tem algo de fidedigno
E meus erros são eternos mananciais.

domingo, 14 de agosto de 2011

A Maldição Necromante de Escrever Para...

A maldição necromante de escrever para
Ouvir aqueles que não estão,
Deflagra a perniciosa ambição
De livrar-me de mais esta escara,

O sacrílego ritual egípcio consternado,
As linhas talhadas na carne molesta,
São epístolas da mesma fresta
Para aquele que segue deste lado

Esculpindo aflições feito um Midas
De poderes invertidos pela aflição,
Dionísio me concedeu a contra dicção
De vociferar todas as dores ouvidas,

Sigo sendo o escriba e o executor
Destas condenações conjecturais,
Habito a lápide que não está mais
Pois me tornei a cova do meu terror.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Juntando Algumas Anotações

Entre a via
e o horizonte
havia
uma fonte
escura
de candura
crua
onde desejos
eram feitos
das vontades
aos ensejos
eram as fugas
os defeitos
que aspiravam
rusgas
pelas ruas
soldadas
no parapeito.

Da solidariedade
a solidão
golpes de sobriedade
sobre a idade
dessas marcas
profundas estacas
que estancam
momentos
pigmentos efêmeros
entressaudades
e receios
vozes
efeitos
artigos malfeitos
sem abrigo
para os prêmios
da unidade
do ar
rarefeito.


Ah!
uma pausa.


-respiração.


[S]ilvos
que [i]nstigam
mais algumas [l]inhas
Pedidos que ficam [v]ertidos
Beijos dançantes assinando o [i]nfinito
Ensinuando verdades para o peito [a]flito!


-trans.pira.ação.


Agora,
há uma causa

para os calos
deste velho coração!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sobre As Atuais Condições (Antropofobia Conjurada)

Eu estou e sou ausente
Uma espécie de lítotes inversa
Onde a negação não regressa
Aos recônditos do presente

Pois esta tumba é perversa
Delega os limítrofes e ressente
Tanta dor que gradualmente
Afasta aquilo que interessa

À intimidade dos meus gestos
Lacunas que preenchem restos
Sombras que sobram na eternidade

Desta insuficiência intimidadora
Que consome de forma aterradora
A minha miséria com acuidade.