segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Conjuração Para o Templo de Shamash

A erosão do esquecimento
Abarca as minhas premissas,
Dá à viscosidade destas hortaliças
Todas as lâminas para o abatimento

Dá moralidade sepultada pelas vias
Da incompletude e do descontentamento,
A profilaxia permuta o banimento
E execra a escama destas crias,

P[r]o[f]éticas crias tristes e erradicas,
Vespertinamente duras e apáticas,
Símiles para a assídua praga

Que deflagra os meus demônios cíclicos,
Repetindo os mesmos meios tísicos
Da sofreguidão que me apaga.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tentativa de Cura (?)

"Ah! Como me envergonho de tantos desatinos praticados"
Horácio

A culpabilidade inicial
dos meus gestos mortos
a-trai os percalços tortos
das sombras sem decimal

deste ínfimo entreporto
catártico, que gutural
insiste em ser habitual
para o tormento absorto.

Quando o terror é previsto
eu sou e não insisto
em dissipar a contradicção

de escrever e ser inscrito
nos meandros sem registro
do abismo sem abolição.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um Sortilégio para o Dualismo

A novidade que é anomalia
para o peito inerte,
é a sombra que verte
e veste versos em isquemia,

já dizia o silêncio lapidal
sobre o Oriente do sofrimento,
sob o mármore sem juramento
repousam as musas do recital

ossificado em cruzeiros secos,
não há oferenda nestes becos
que aplaque a haste de Omolú;

um punhado de palha endêmica
recobrindo a mágoa filogênica e
não há [mais] desgraça a olho nu.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Paralelismo Existencial

Pelas valas do intermédio
entre o medo e o mérito,
Édipos uivantes são, além do pretérito,
temerários a condição e ao tédio

desta carne estática. Que do cerne
ao centro, cede ao desconforto
a epigênese malograda do absorto
gesto de ser aquele que perde.

Dos vermes aos pontos, o encontro
fatídico entre a amostra e o monstro,
pelas encostas costuradas entressonho(s),
Behemoth destaca-se, abrupto e risonho,

eis o caminho repelido... O bosque
sagrado da escritura salgada... O teste
entre o que foi perdido e a peste
a busca, a fresta, a testa e o toque,

mais um corte em minha escara,
a armadura que não salva da batalha,
a feitura desta feiúra que espalha
defuntos sem cura e prepara

o encontro; o respiro; o retiro;
a pausa que causa o aquém retido
do excesso que se passa por excedido.
Esta é a fábula -sem tabula- que prefiro.

sábado, 3 de setembro de 2011

Ulterior

Encontro-me com mais este estigma,
A espera destinada ao ilustre
Amparo de mais este abutre,
Ignóbil fera de raro enigma

Que acomete a carne esquecida
Daqueles que não mais são,
Sob a égide da exumação
Compromete mais esta ferida,

Assim sigo a tradição maligna
Que me avilta e que nutre
Os espectros deste balaústre,
Pois a minha goécia não designa

Mais que esta conjuração enfraquecida,
[O passado é cadáver em ascensão
E os demônios refletem a insatisfação],
Mais que este poema sem saída.