segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Primeiras Impressões

"Agora nem sequer sabemos se o que nos rodeia é um labirinto, um secreto cosmos, ou um caos do acaso."
   Jorge Luis Borges

Eu amanheço em corrosão
Defronte os espasmos do impasse,
É esta polidez sem classe
Que descrevo em digressão

Tentando enganar o enlace
Do tempo em convulsão,
Eis a sina da alucinação,
Sempre conflituosa. Ah, se

Eu pudesse ser teoria,
Se pudesse, certamente saberia
Que tristeza é o outro nome

Da ternura. Na verdade,
Minha elegia é a vaidade
Daquilo que me consome.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Metáfora Eterna

A sombra que encobre
este meu vazio diário
orientaliza o(s) mortuário(s)
daquilo que me descobre

eu sigo interpelado nesta
pobreza espiritual repetida,
a melodia faz da ferida
poesia que não presta.

A realidade é -sempre- incapaz
de ser apenas eficaz
em afastar tanta dor...

mas, sabe, eu preciso
deste vazio indeciso
para ter algum interlocutor.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Culpa (?)

A sentença de ser
é aquilo que clama
pelo erro, pela lama
que cobre este anoitecer

e eu anoiteço. Assim
tal como o hemisfério
dos mitos sem mistério,
eu. Distância. Mim.

Do mundo sem consignação
ao vazio que diz não,
eu violento minhas metáforas,

o preço da escolha
vai além desta folha,
é escrito em anáforas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Blues de Segunda

A angústia, de certa forma, consola,
-Este é o meu paradoxo diário;
O descaso já não é páreo
Para a verdade que nos assola,

O meu caminho possui dois lados
E ambos deságuam na secura
De uma existência fria e escura,
Eu repito os anseios dedicados

À derrota, esta delicada maldição,
Que segue despindo a minha reação
Enquanto a dualidade me consome.

São tantos os pronomes ressecados
Nesta epígrafe para os não-sepultados
Que nossa dor já possui renome.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Pária

Logrei-me nos açudes da alma
na tentativa de algum vínculo
com este desastre oblíquo
que diz não e bate palma,
são tantas vozes tortas,
são tantas presenças desgarradas,
eu assombro as rebuscadas
condutas destes jovens idiotas
com minha deslocada estranheza,
pois não sento à mesa
com estas falsas hipérboles.
Logrei, na alma, os açudes
da distância destas formas rudes...
prefiro a verdade das necrópoles.