segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Uma Alegoria Para As Almas Desgraçadas

Eu traço meu traço nas vísceras de Zeus
Buscando escapar da Tristeza em ascensão,
Destas almas, deste pântano em decomposição,
Dos ditames repetidos deste vazio sem adeus,

[quando]

O rastro de Teseu segue em disartria
Tal qual esta poesia sem heroismo, [que]
Alinhada à necromancia e ao solipsismo
Concatena a falta plena em sua oligarquia,

Uma espécie de ensejo para o fracasso
Veemente, que a cada sina torna vociferante
A vontade de coagular o meu sangue vibrante
Nestas linhas amassadas de fulgor escasso,

E da indiferença inerte faço hemodromômetro,
Pois não há mais que veneno nas artérias,
No extremo de minhas feridas etéreas
Há apenas o mercúrio e o termômetro,

Da minha sorte de Minotauro, o agouro
Para o solífugo futuro do enterro preterido,
O torpor que, julgava eu, havia me esquecido,
Amaldiçoa novamente as rugas do meu couro,

Assim a hanseníase sentimental segue solferina,
Reavivando a enomancia libertina que [eu] proponho,
Pois o antônimo do meu fim é litúrgico-enfandonho
Feito a ossatura nua da vontade uterina.

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