sábado, 25 de dezembro de 2010

Mais Uma Injúria Afásica Para Os Pronomes Em Primeira Pessoa

Ironicamente o sobressalto da noite
em toda sua plenitude rouba
a inocência que, obviamente, não poupa
os meus ossos do açoite

veemente dos demônios da degradação,
são tantas vozes sem sepultamento
que vou além do mero apodrecimento,
repetindo os signos da condenação

deste meu enredo cinzento-ancestral.
Eu preencho a lacuna do medo
que fica evidente a cada segredo
circunscrito no amplexo amoral

perdido entre o arrependimento amanhecido
que cravo na intermitência da Vida.
Mais que uma alcova, esta é a saída
para quem carrega o orgulho arrefecido.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Defuncti Injuria ne Afficiantur

"Eu sou a sombra e minha morada está perto das Catacumbas de Ptolemais, junto daquelas sombrias planícies infernais que orlam o sujo canal de Caronte"
E.A Poe


E serão sete as almas dedicadas
Ao submundo dos meus sonhos,
E sete serão os sacrifícios tristonhos
Para acalmar tantas vísceras aclamadas,

E serão duas, e apenas duas, as perdições
-Eu e minha sombra corrompidamente fria-
Deslocando-se entre a opulência e a apatia
Da Doença em suas inúmeras transfigurações,

Para o meu verso, ineficácia é o que peço,
Quando a sofreguidão não faz recesso,
A monstruosidade é pertinente ao afeto,

Que, de credo em credo, canto em desalento,
Pois a incompletude deixou-me apenas o talento
Enfático de lograr minhas mortes. Quieto.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ode à Tânatos

O caminho sem penumbra é entrópico
Pois a plenitude do vazio constitui
O idealismo rouco que permeia e que flui
Pela eternidade deste corpo utópico

Quando a humanidade adoece, o regresso
À animosidade das coisas é considerado
Um caminho lúgubre, porém vociferado
Afinal a veemência do fim está no processo

Insalubre dos ditames da foraclusão
Apenas um ditirambo a mais em profusão
Para a tragédia interpessoal que congrego

Assim, a insuficiência consome o segredo
Para além do retraído gosto do medo...
SER para a morte é o signo que carrego.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A Proeminência da Falha

O ritmo do mundo é anamórfico,
Tumultua o túmulo dos meus vultos,
Entre a voz de todos estes insultos,
Resigno-me à sombra do lupanar mórfico,

Desta colheita de mandrágoras enfraquecidas,
À evolução ovulada em movimentos elípticos,
Os ditames são suntuosamente apocalípticos,
Carregam um punhado de perturbações ensandecidas,

E a cada hora externada sem extensão,
Procuro o jugo que me julga preferido,
Pois que o tomo da aflição não é preterido
À catarse ultrajante que adorna a sujeição,

De todos os meus versos sujo-errádicos,
Os despetalados são os de pior simetria,
Cultuam uma espécie de lesão em disartria;
Um punhado de lucidez em signos esporádicos.