quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Quiasma da Existência

A insignificância é o abrasivo
Gesto que desloca este corrosivo
E inapto desvio sem certidão,
Quando me falta o entusiasmo,
A vida transmuta-se em pleonasmo
E a vertigem segue em ascensão,

Dos adínatons brutos e ensimesmados
Que denunciam grimórios tantos conjurados,
A fala é falta em usura,
É sombra, é sobra rústica
Daquilo que perfaz a acústica
Da alma oca que fulgura

A mística dos não afetos.
Catacumbas glaciais e insetos
São meus solares, meus companheiros
Nesta dança lenta de nevoeiros
Que ritualiza o olvido misantrópico:
Vinte e seis anos e o sorriso é utópico.

O corte é malogrado e gasto,
Tal qual a lâmina do nefasto
Instrumento que adentra a carcaça
Já cansada de ser imolada
Por esta operação desgraçada
De sangrar a carne que ultrapassa

Os ditames íntimos da bestialidade,
Dos flagelos surrados desta animosidade,
Retiro as entranhas para o edital
Do vazio não anunciado e espectral,
Assim adéquo o reflexo ao erro,
Pois, no peito há o enterro

Dos meus Hecatônquiros antitéticos
Que não resguardam os apoplécticos
Restos de meu Tártaro esquálido,
Que se encontra entre o inválido
Verso invertido e o obituário.
Eu não existo. Eis meu calvário.

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