quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Canção Para A Síndrome de Damastes

"A vida é noite: o sol tem véu de sangue:
Tateia a sombra a geração descrida...
Acorda-te, mortal! é no sepulcro
Que a larva humana se desperta à vida!"
Álvares de Azevedo

Das muitas mortes que tive,
Em nenhuma me detive,
Oh! Torpor juvenil a instigar
Volúpias e desejos tortos,
Um cotejo de olhos mortos
À beleza licantrópica do luar!

Corrompidamente exaurido, eu sigo
Um caminho solapado, sem abrigo,
Aproximando as sombras sem umbral
A toda misantropia promulgada,
A toda catacumba exasperada,
Adormecida em meu absurdo cerebral.

Roto, o sorriso já mitigado
É absorto por estar motejado,
Eis o hiato e seu papel,
Que faz do lupanar nostalgia,
Pois me desfaço em nevralgia
Poética, do pesadelo ao tropel,

Versificado tropel selvagem,
Serei eu a sua criadagem,
Imersa em paralelismos conjecturais?
Da pergunta hirta que revoga
Ao velho medo que afoga,
Continuam as mesmas dores imorais...

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