domingo, 20 de março de 2011

Bilhete Para Epitáfio Outonal

Eu me recolho à aurora
Desta fraqueza insípida
Quando a impossibilidade
Descobre o rubor das memórias
E recobre a inocência
De dias rasgados na história
Com o pudor das rosas
Escondi o Outono aqui dentro
E pedi uma navalha sem corte
Para tentar, sempre em vão,
Desatar de mim a tristeza
Mas, como sempre, eu saboto
As minhas fugas de mim
E acabo sempre com as rusgas
Do musgo anêmico de mim mesmo.
Mais um antagonismo indiferente
Não muito provocador, feito névoa
Mais algum reflexo, alguma dor
Que valha o peso de estar vivo.
Mais algum predicado enfraquecido
Pelas asas ferozes do Tempo
.
.
.
Os corvos nunca trabalharam tanto.

Um comentário:

  1. memórias/dores/fraquezas de alguém costuradas com os signos do Outono, das rosas, da navalha,... enfim, metáforas que exploram muito bem os significados. gostei =)

    o caminho para o fim é ótimo:

    "Mais algum predicado enfraquecido
    Pelas asas ferozes do Tempo"

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