domingo, 25 de dezembro de 2011

Incomprehensibilis

"Que autores
então
há de ler essa classe?"

Vladímir Maiakóvski


Abandonei minhas defesas
procurando me afastar
deste sopro sem ar
destas vozes acesas

em minha angústia.
A ferida corrobora
e coagula, embora
ainda sem astúcia

renuncie ao trauma
de ser incompreensível
para o ser consumível
e sem alma.

Assim passo despercebido
pela via atávica
ávida e esporádica
do gesto reexibido.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Elegia Para O Desencontro

Frente à catarse, o ósculo,
Esta anomalia em interstício,
Que repete o esotérico vício:
Dialogar com os ossos de Próculo.

Da astrologia do desgosto
Ao retorno do que nunca esteve,
A virtude foi quem obteve
Da melopéia o gesto transposto,

Neste mortuário não há espera,
Os grandes feitos são invertidos,
A catástrofe masturba os fenecidos;
Cada ejaculação necrófaga opera

A filia dos íncubos exponenciais,
Que admoestam o desprazimento
Deste Ser, parco e em detrimento,
À Ishtar e seus manejos babiloniais.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O Caminho Abissal

As vozes do sótão abalam
As minhas entranhas conflitivas,
Afrouxando as amarras remissivas
Das intermitências que não calam

O umbral cotejado pelo abismo,
Assombroso abismo que figura
Entre a falta e a cissura,
Transformado em puro pessimismo,

Do verso que é verme
Ao verme que é verso,
Neste inferno estou imerso
Com o mesmo sorriso inerme.

A minha existência é afásica,
Entre o acerto módico
E o soluço claustrofóbico,
Estou além da causa torácica.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Desfecho Inexistente

"Quem sabe, alma, se o que ainda não existe
Não vibra em gérmen no agregado triste
Da síntese sombria do meu Ser?!"

Augusto dos Anjos


A liturgia do desamparo é fatídica
No já fatídico Ser em que opero,
Eu existo e não prospero
Além desta lápide raquítica,

Da noite nebulosa -sempre em clausura-
Ao retiro das navalhas amolecidas,
A minha índole segue estas feridas,
Sem aptidão, sem cor e em desventura,

Tenho, então, um ossuário como protagonista,
Quando a anomalia é a antagonista
Do sorriso que minha paz não tem,

A tragicidade deste comício é absurda,
Não há ninguém que afaste ou aturda
A véspera da melhora que não vem.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O Segredo

Gostaria de ser assombrado
Pelo espírito de Quintana;
Mas o fracasso não engana,
Congratula-nos com seu cajado,

Da lápide sem recital
A esta primavera rubra,
Espero que Ela não descubra
A minha aptidão sepulcral,

Estou entre o impasse
E a carne sem enlace,
Sou a sobra dos anjos,

Não há prece salvatória
Para a condição crematória
De existir entre tantos desarranjos.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Solilóquio do Desencanto

O fascínio do abismo é a catapulta
Que imanta a degradação concebida,
Entre a sensação e a saída,
Aprisiona o jugo que insulta

Esta existência parca e confusa
Onde falta umbral à falta
Que promove a sombra da incauta
Rigidez das sobras de Medusa,

Não há decapitação neste calabouço,
Há apenas lâmina no que ouço,
Uma espécie de concerto no hades,

Assim, tanta dor faz sentido,
Pois me sinto sujo e assistido,
Tal como uma lápide sem grades.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A Caveira E O Calvário

Insuficiente é o rastro que
Teseu deixou nos meus dias,
Repletos de reminiscências e alegorias,
Um não-heroismo sem dique,

Corrosivamente austero e abalroado
Por derrotas tantas frente ao Olimpo,
Eis minh'alma e o garimpo
Da escuridão que habita este lado,

Os deuses adormeceram e eu
Continuo sendo o mesmo fariseu,
Entre a gólgota e a sinagoga,

A consternação agora é plena,
Segue a cruz e a gangrena,
O sangue das escaras me afoga.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Enquanto na Janela o Vento Ulula...

A obscuridade das palhas de Omolú
-Senhor da Doença e da Morte-
Dançou sobre a minha sorte
E, por ora, o gosto cru

Da noite assemelha-se a varíola.
A enfermidade carnal traz espectros,
Eguns que flertam com meus aspectos,
Deflagrando meu estado de fascíola,

Ínfimo verme habitante do íntimo
Da dor, da desesperança e do ritmo
Lento que desmembra a melancolia;

A madrugada conjura seus amantes
Enquanto estou preso nos instantes,
Tal como os que sofrem de feitiçaria.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Exumação da Falta

E do último resígno aviltado
Refiz a maldição da diáspora
Conjetural. Esta é a áspera
Tábua para o sacrifício procurado

No mal-estar prolífico que atesta
A peste escura e sem estrada,
-Que torna a alma empedrada-
A autofagia é o que resta

À síncope deste verso roto,
Que não dissolve o absorto
Cemitério dos erros pessoais.

Eu sou diferente do olvido,
Resido no que poderia ter sido,
Nos hiatos das grutas existenciais.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A Metástase Lacrimal

Do refúgio ao ossuário,
A sina ainda assola,
Tento desvencilhar sua barcarola
Burlando o Caronte diário,

O luto dos ideais faz
A manhã sem humanidade,
Quando caminho à obscuridade
Busco a [sua] foice audaz,

Afora esta languidez insípida,
O que move a ríspida
Nitidez da vida é

A escuridão dos [f]atos,
Pois somos apenas ratos
Habitando este esgoto sem fé.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

O Quiasma da Existência

A insignificância é o abrasivo
Gesto que desloca este corrosivo
E inapto desvio sem certidão,
Quando me falta o entusiasmo,
A vida transmuta-se em pleonasmo
E a vertigem segue em ascensão,

Dos adínatons brutos e ensimesmados
Que denunciam grimórios tantos conjurados,
A fala é falta em usura,
É sombra, é sobra rústica
Daquilo que perfaz a acústica
Da alma oca que fulgura

A mística dos não afetos.
Catacumbas glaciais e insetos
São meus solares, meus companheiros
Nesta dança lenta de nevoeiros
Que ritualiza o olvido misantrópico:
Vinte e seis anos e o sorriso é utópico.

O corte é malogrado e gasto,
Tal qual a lâmina do nefasto
Instrumento que adentra a carcaça
Já cansada de ser imolada
Por esta operação desgraçada
De sangrar a carne que ultrapassa

Os ditames íntimos da bestialidade,
Dos flagelos surrados desta animosidade,
Retiro as entranhas para o edital
Do vazio não anunciado e espectral,
Assim adéquo o reflexo ao erro,
Pois, no peito há o enterro

Dos meus Hecatônquiros antitéticos
Que não resguardam os apoplécticos
Restos de meu Tártaro esquálido,
Que se encontra entre o inválido
Verso invertido e o obituário.
Eu não existo. Eis meu calvário.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ruínas Vespertinas

O evangelho da podridão concatena
Este relicário repleto de tristeza,
Fazendo da ânsia a destreza,
O desastre que escancara e acena

Para A Noite dos Antepassados,
Mais uma forma rude de narrar
O desafeto de ser e não estar.
O sacrifício é para os iniciados

Nos mistérios da Ordem do Fim,
As minhas carnes são oferecidas, enfim,
Este é o preço da autofagia.

E a tarde segue seu Holocausto,
A tragédia tem o sabor do exausto
Gesto lúgubre de escrever sem assepsia.

domingo, 9 de outubro de 2011

A Escuridão Preterida

"Ninguém é alguém, um único homem imortal é todos os homens. Como Cornélio Agrippa, sou deus, sou herói, sou filósofo, sou demônio e sou mundo, o que é uma cansativa maneira de dizer que não sou."
Jorge Luis Borges

Sob as ruínas da maldição presbítera
Que concatena o hiato de Cronos,
Escrevo sobre o que não somos:
A plenitude, a lápide, a cítara,

Das sílabas fugídias e sem termos
Às lamúrias que precedem o irrestrito
Gesto aquarelado de arquear o detrito
Existencial que nesta noite dormiremos,

A histologia do fracasso é premissa,
Pois não atenua a busca pelo vicejo
Versificado na cromatólise do ensejo,
Talvez tenhamos perdido a via abscissa

Do Tempo que consome e segue ileso.
Conjuramos, afinal, o Tártaro pelo medo
Das sombras sem catacumbas deste enredo;
A solitude é fuga para o menosprezo.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Algo [Não] Muito Vago

A escuridão ávida
em meus versos
arde
e esta pena
não sente pena
de mim

Outrossim
a flexibilidade
verte
a dimensão
dos meus medos
e veste
com aflição
os enredos

da impossibilidade
aliada
a esta dicotômica
nulidade
de ser não sendo

pois não há
oração que pague
e apague
a intenção crônica
desta pena
que não sente pena
e cumpre a pena
e arde

esta pena arde
e dita
a cena
sem alarde

afinal
já é habitual;
pelas vias do desespero
costuma-se morrer
muito bem
pela tarde.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Conjuração Para o Templo de Shamash

A erosão do esquecimento
Abarca as minhas premissas,
Dá à viscosidade destas hortaliças
Todas as lâminas para o abatimento

Dá moralidade sepultada pelas vias
Da incompletude e do descontentamento,
A profilaxia permuta o banimento
E execra a escama destas crias,

P[r]o[f]éticas crias tristes e erradicas,
Vespertinamente duras e apáticas,
Símiles para a assídua praga

Que deflagra os meus demônios cíclicos,
Repetindo os mesmos meios tísicos
Da sofreguidão que me apaga.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Tentativa de Cura (?)

"Ah! Como me envergonho de tantos desatinos praticados"
Horácio

A culpabilidade inicial
dos meus gestos mortos
a-trai os percalços tortos
das sombras sem decimal

deste ínfimo entreporto
catártico, que gutural
insiste em ser habitual
para o tormento absorto.

Quando o terror é previsto
eu sou e não insisto
em dissipar a contradicção

de escrever e ser inscrito
nos meandros sem registro
do abismo sem abolição.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um Sortilégio para o Dualismo

A novidade que é anomalia
para o peito inerte,
é a sombra que verte
e veste versos em isquemia,

já dizia o silêncio lapidal
sobre o Oriente do sofrimento,
sob o mármore sem juramento
repousam as musas do recital

ossificado em cruzeiros secos,
não há oferenda nestes becos
que aplaque a haste de Omolú;

um punhado de palha endêmica
recobrindo a mágoa filogênica e
não há [mais] desgraça a olho nu.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Paralelismo Existencial

Pelas valas do intermédio
entre o medo e o mérito,
Édipos uivantes são, além do pretérito,
temerários a condição e ao tédio

desta carne estática. Que do cerne
ao centro, cede ao desconforto
a epigênese malograda do absorto
gesto de ser aquele que perde.

Dos vermes aos pontos, o encontro
fatídico entre a amostra e o monstro,
pelas encostas costuradas entressonho(s),
Behemoth destaca-se, abrupto e risonho,

eis o caminho repelido... O bosque
sagrado da escritura salgada... O teste
entre o que foi perdido e a peste
a busca, a fresta, a testa e o toque,

mais um corte em minha escara,
a armadura que não salva da batalha,
a feitura desta feiúra que espalha
defuntos sem cura e prepara

o encontro; o respiro; o retiro;
a pausa que causa o aquém retido
do excesso que se passa por excedido.
Esta é a fábula -sem tabula- que prefiro.

sábado, 3 de setembro de 2011

Ulterior

Encontro-me com mais este estigma,
A espera destinada ao ilustre
Amparo de mais este abutre,
Ignóbil fera de raro enigma

Que acomete a carne esquecida
Daqueles que não mais são,
Sob a égide da exumação
Compromete mais esta ferida,

Assim sigo a tradição maligna
Que me avilta e que nutre
Os espectros deste balaústre,
Pois a minha goécia não designa

Mais que esta conjuração enfraquecida,
[O passado é cadáver em ascensão
E os demônios refletem a insatisfação],
Mais que este poema sem saída.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Urgência

Do preâmbulo aos seus recônditos,
a discórdia marca brônquio a brônquio
a evidência que aveluda o binômio
destes quiasmas que não possuem súditos,

quando a nulidade alia-se a repetição,
ataraxias rubras vertem as falhas,
os meus versos não merecem medalhas,
pois eu sou a insuficiência sem caixão,

e a minha monstruosidade não é digna,
a volúpia destes espectros apenas designa
a frieza de mais uma noite não digerida,

assim procura o poeta a conjectura,
algum verso que não seja atadura,
alguma esperança que não esteja de partida.


Eu iria atualizar o blog apenas na semana que vem, todavia hoje é uma data especial e como escrevi o poema acima nesta manhã, resolvi publicá-lo em homenagem a um dos maiores escritores de todos os tempos, Jorge Luis Borges.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Metafísica do Desconforto

Eu prorrogo a minha estadia
Na alcova destas sombras dominadas,
Consumido pelas labaredas da fobia
Que reflete(m) tantas vozes desgraçadas,

Quando a fatalidade precede a alegoria,
As súplicas escorregam enforcadas,
Destas rubricas tortas e destroçadas
Retiro as navalhas para a agonia,

Interminável agonia de poeta maligno,
Do desatino ao ato persigno
Três sinais... Apenas três exponenciais

Da desgarrada ilusão que resigno.
A insuficiência tem algo de fidedigno
E meus erros são eternos mananciais.

domingo, 14 de agosto de 2011

A Maldição Necromante de Escrever Para...

A maldição necromante de escrever para
Ouvir aqueles que não estão,
Deflagra a perniciosa ambição
De livrar-me de mais esta escara,

O sacrílego ritual egípcio consternado,
As linhas talhadas na carne molesta,
São epístolas da mesma fresta
Para aquele que segue deste lado

Esculpindo aflições feito um Midas
De poderes invertidos pela aflição,
Dionísio me concedeu a contra dicção
De vociferar todas as dores ouvidas,

Sigo sendo o escriba e o executor
Destas condenações conjecturais,
Habito a lápide que não está mais
Pois me tornei a cova do meu terror.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Juntando Algumas Anotações

Entre a via
e o horizonte
havia
uma fonte
escura
de candura
crua
onde desejos
eram feitos
das vontades
aos ensejos
eram as fugas
os defeitos
que aspiravam
rusgas
pelas ruas
soldadas
no parapeito.

Da solidariedade
a solidão
golpes de sobriedade
sobre a idade
dessas marcas
profundas estacas
que estancam
momentos
pigmentos efêmeros
entressaudades
e receios
vozes
efeitos
artigos malfeitos
sem abrigo
para os prêmios
da unidade
do ar
rarefeito.


Ah!
uma pausa.


-respiração.


[S]ilvos
que [i]nstigam
mais algumas [l]inhas
Pedidos que ficam [v]ertidos
Beijos dançantes assinando o [i]nfinito
Ensinuando verdades para o peito [a]flito!


-trans.pira.ação.


Agora,
há uma causa

para os calos
deste velho coração!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Sobre As Atuais Condições (Antropofobia Conjurada)

Eu estou e sou ausente
Uma espécie de lítotes inversa
Onde a negação não regressa
Aos recônditos do presente

Pois esta tumba é perversa
Delega os limítrofes e ressente
Tanta dor que gradualmente
Afasta aquilo que interessa

À intimidade dos meus gestos
Lacunas que preenchem restos
Sombras que sobram na eternidade

Desta insuficiência intimidadora
Que consome de forma aterradora
A minha miséria com acuidade.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Negativismo Existencial

Hoje a existência possui o peso
De mil noites em ressentimento
Dentre as divergências sem intento
Esta quimera deixa–me indefeso

A distância expressa o purgatório
Exponencial de toda esta corrosão
Que costura a realidade em digressão
Nas insuficiências do medo perfunctório

Quando a manhã morre... Eu adoeço
Toda solitude têm seu preço
A minha dimensão não possui salvaguarda

Quisera eu ser o olvido do Presente
Apenas mais uma sombra descontente...
[Todavia] O mal estar vespertino é minha farda.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Elegia Para O Não Elegido

As linhas temerárias do passado
-Não estas traçadas no orbe carnal-
Ditam as apóstrofes do degradado
Percurso de herói sem recital

Pois a eternidade jaz no enforcado
Gesto febril de todo este mal
Que para além e para tal
Demarca e denota-me... O olvidado

Homônimo sem luz que diz e conduz
Esta tumba etérea aos urubus
Assim toda angústia faz jus

A precariedade das minhas formas
Aos dizeres que afogam tantas normas
Pois [ocultado] sempre há um mas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Diárido

Digo-lhes: a tanatologia dos meus versos
É um tipo de suicídio justificado
Que promove o túmulo glorificado
Da vida colocada em âmbares dispersos,

Assim, a ultrafatalidade segue seu comboio,
-São fúnebres os passos da negação-
Destaco aqui os demônios da civilização
E o mal estar... O pilar de apoio

Das agruras da existência neste lodaçal,
Onde o ser confunde-se com entretantos,
Hiatos da respiração sempre em prantos,
Aprisionados nesta eutanásia transubstancial.

Contudo, o medo segue hirto e insepulto,
Pois o mistério da vigília é pitagórico,
Circunferencialmente escuro e alegórico,
Faz da eternidade apenas mais um tumulto.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Das Minhas Nulidades

Eu coaduno a antífrase da existência
Híbrida dos meus sonhos mazelados,
Destacando entre os corvos sepultados
A dor que já não é reminiscência,

Pois irrigamos, com sangue, o milharal,
Afogando mais esta forma de vida,
O verso é insuficiente para a partida
E ser sombra é apenas circunstancial,

A busca vai além deste bosque amaldiçoado,
Não há mais medo para o demônio refratado,
(...) Eu assassino as metáforas do universo,

Assim alimento o Horror com a plenitude
Denotativa dos meus erros em latitude,
Eu ainda sou o mesmo fantasma disperso.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Repetindo A Moléstia de Outrora

Eu aponto para as falhas
Com a melancolia de Procrusto,
Da embolia deste medo augusto
Ao ato repetido das mortalhas,

"A existência compele a execução
Desta necrofagia sem ritual
Quando o desconforto é habitual
E veste a vida com rouquidão"

Ainda há o festejo da coalescência,
Ínfima, dolorida e sem audiência,
Das colinas de Elêusis para o singular

Trajeto do verso diametralmente corroído,
Mais um sigma crescente não ocorrido,
Simplesmente não sei mais como me aviltar!

sábado, 11 de junho de 2011

One Moment Away

"... e o pântano profundo e lamacento, a meus pés, fechou-se, lúgubre e silentemente, sobre os destroços do Solar de Usher"
Edgar Allan Poe

Madeleine e a melancolia hirta e fantasmal,
Aturdem o ébrio e convalescente caractere
Da sombra daquele solar frígido que fere,
Com maldade, a alteridade do sufixo ancestral.

As doze batidas da manhã em ossatura,
[Uma linhagem inteira destinada ao calabouço]
Para cada hora do dia um medo que não ouço,
Pois que esqueci minha existência nesta estrutura;

"E cultivo minha maldição em dipsomania
A hereditariedade me transformou em forma
Sem fôrma, em monstruosidade que informa
À eternidade que, para ela, não haverá elegia"

Haverá, sim, a finitude deste Palácio Assombrado,
Então brindemos à nulidade prematura de sir Roderick!
Que espera, em hiato, que a decadência fique
Instaurada na carniça hematófaga do precipitado.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Aviso Para a Acrópole Invertida

Eu cavo buracos de anfisbena,
Repetindo a moléstia de outrora,
A dor é a aurícula que revigora
A cegueira que acalma e concatena
A Hecatombe da Argos micênica
Que carrego por entre minhas derrotas.
Eu vou além e visto as minhas botas,
Feitas com o torpor da vontade mnêmica.
Vontade de ser este sacrifício para Hermes,
Vontade de ser algo que valha para os vermes,
Vontade de ser a vantagem para alguém...
Eu sou aquele que não foi celebrado,
O medo panóptico, o resíduo, o relegado
Aos umbrais do Tempo que não convém.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Das Ambivalências Congregadas

Sob a hóstia dos tormentos arde,
em destaque, este Hino Triunfal,
Da prece funérea inaugural
Ao clamor volvido sem alarde,

Eis o insípido medo elucubrado,
A escuridão visivelmente procurada,
Onde a tristeza é o demônio refratado
E a falta [...] a soleira petrificada

Do meu desejo, velho amigo exilado,
Entre naus e tentáculos, o afogado,
Estranhamente não sinto a água nos pulmões...

Dito assim, entrecolchetes, o meu afeto,
Desdenhando ambições em ângulo reto,
Pois a curva do meu coração conservo em grilhões.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sobre a Dualidade dos Meus Medos

Eu vivo sempre em próclise
Cortando a tristeza em pronome,
Da nulidade do verbo disforme
Ao meu sorriso sempre em crise,

O que reside é a espera amarelada
Pelo Outono das minhas mortes,
Um o velório para os mais fortes,
Uma diálise para a poesia ressecada,

Eis a mediação entre a melancolia
E o sangue furtivo desta elegia,
A batalha é plena pela negação,

Eu insisto neste tipo de pestilência,
Atrelando dor em minha resistência,
Apenas Behemoth e Leviatã sobreviverão.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Da Noumenalidade Metafísica

"Tua matéria é o tempo, o incessante
Tempo. Tu és todo solitário instante."

Jorge Luis Borges. O Ápice

Eis então a egrégora desossada
Esta alegoria para aqueles que não são
Que não fulguram sem a procissão
Hermética da moral esfaqueada

Desta liturgia nula, de tempo necromante
O romance dos olhos mortos engana
Numa espécie de fuga sem membrana
Afinal, a solitude respira em meu instante

E eu a estanco em mim, proferindo
Novamente a profilaxia dos vencidos
A rendição de todos os encontros amanhecidos.
E a mágoa com sua foice segue sorrindo...

Eu vivo sempre entre a apóstrofe
Desta eloqüência mal digerida
Pois que a falta [aqui] se faz erigida
Neste monumento dedicado à catástrofe.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Caosmogonia Estrutural

A metalinguagem da dor é ocre
No reino da catalepsia refratada
Onde a insuficiência é arqueada
E as falhas pedem algo que enforque

Os súcubos da linguagem Ocidental
Esta espécie de existência paralela
Que destoa a marginalidade e esfacela
Mil Cérberos [rendidos] na noite neuronal

Prometeu e o fogo ardilosamente esquecido
Sereias mutiladas e o que poderia ter sido
A herança árabe não nos torna imunes...

À falência mimética da convivência
Esta Pandora anêmica e sem proeminência
Pois aqui somos todos párias impunes.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Ditirambo Para Um Ritual Esquecido

O sarcófago de Anúbis é pleno
Neste meu caminho mal traçado,
Da serpente que desordena o passado
Ao caos concatenadamente terreno,

Águas negras, o ataúde, a traição,
Osíris e a vingança que não vem,
Eis a memória que não convém:
Aspirar ao submundo em ascensão.

Quando a liturgia necrófaga do deserto
É a purificação vista de perto
Não há metalepse que conforte,

Pois eu sou a sombra cadavérica,
O ódio fustigado em teia esférica,
A eternidade conjurada à má sorte.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Os Nove Círculos do Desconforto

Deixai toda a esperança aqui, ó vós que entrais
Dante Alighieri, Canto nº3, livro Inferno

A abadia sacrílega que resguarda,
Com sangue, as minhas reminiscências,
Encontra clamor nas quase-providências
Da angústia atemporal desta farda

Que veste a outorgada aflição
De mais este tomo exotérico,
Uma espécie de ópio esférico
Obliterando o amor em inanição,

Assim enterro a preterida esperança,
Sempre em fuga e sem herança,
Pois existo sozinho neste inferno

Onde o meu intento é derrogado.
Em seu lugar há um deus afogado,
Enterrado sem caixão nem terno.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

de.gener[o]a.tivo



Para visualizar o poema basta clicar na imagem.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Um Passeio Pelo Niflheim

Hel, filha de Loki
em sua eterna vigília
assiste os mortos coadunarem
suas fraquezas em matilha
colorindo o reino subterrâneo
com suas cascas insones.
O sopro rouco conclama
a procura protelada e estranha
por um lugar no Valhala.
Não há mais espera que valha
esta eternidade sem entranha
condizente com a [intermitente] falha.
Folhas celestes da Groelândia
-escambo de neve turva-
há um nome nesta curva
que estupidamente traz infâmia;
A incerteza da vitória
-para ela não há enterro-
denigre a plenitude de Odin.
E [eu] espero nesta porta assim:
vestindo mais de mil oportunidades outonais.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Mal-Estar Paulistano

Eu corto meu corpo em misantropia
Uma espécie de rouquidão soberba
Que atraca a larva sem emblema
Deste vazio outorgado em harmonia

Com o desastre dos dias traídos
Que repeti em minha nulidade.
Do desconforto que perfaz a cidade
Ao clamor de todos os amores vencidos

Eu repito aquele ritmo insepulto
Do escárnio que masturba o insulto
Pois eu sangro sempre o mesmo nome

As mesmas lágrimas glaciais-costumeiras.
É sempre a graça destas luvas rameiras
Que busco, em vão, a cada verbo disforme.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Ocasionalmente Existo

"Erro: porque o distante não é o próximo,
E aproximá-lo é enganar-se."
Alberto Caeiro

Ocasionalmente existo.
É neste gosto amanhecido
Da distância que persisto,
Pois, sei, poderia ter sido

Entretanto eu não fui.
E não ser é insustentável,
Tal qual a noite que não flui
O rebanho segue inesgotável

Entre a névoa e o fulgor,
O engano esgueira sem odor,
Assim aproximo os tentáculos

Da escolha e do crepúsculo,
Da dor [sempre] em maiúsculo,
Ocasionalmente existo. Entrevernáculos.

terça-feira, 29 de março de 2011

Uma Carta Para Julliete Cell

A minha escrita é crua
Dança o gole da vertigem
Que os ditames do silêncio exigem
Conquanto a verdade en-si-nua

Este ossuário praticado em miudeza
Atrelando à alma apenas a pergunta
Da caosmogonia que não -mais- junta
O signo prevaricado e sua frieza

E eu admito ser em ti a catacumba
Daquilo que foi um dia profilaxia
Para a apatia que hoje asfixia
As reminiscências que dormem sem tumba

Eu espero o mesmo sorriso anêmico
Daquela moça que um dia me apagou
Do seu diário, pois apenas sou
O ensejo inócuo, mitigado e mnêmico.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Pequenos Apontamentos de Guerra para uma Tarde Estranha

Estas linhas tortas descrevem estigmas
Feito enigmas pulsando das aortas
Eis que traço um traço descontínuo
Que diz como minha alma se comporta

Batendo à porta da efemeridade
As normas rogam junto ao vento
Pois eu vendo a enfermidade das formas
Deixando a boa tristeza ao relento

Então surge a melhor das propostas;
-Viver sem pensar nas respostas.

domingo, 20 de março de 2011

Bilhete Para Epitáfio Outonal

Eu me recolho à aurora
Desta fraqueza insípida
Quando a impossibilidade
Descobre o rubor das memórias
E recobre a inocência
De dias rasgados na história
Com o pudor das rosas
Escondi o Outono aqui dentro
E pedi uma navalha sem corte
Para tentar, sempre em vão,
Desatar de mim a tristeza
Mas, como sempre, eu saboto
As minhas fugas de mim
E acabo sempre com as rusgas
Do musgo anêmico de mim mesmo.
Mais um antagonismo indiferente
Não muito provocador, feito névoa
Mais algum reflexo, alguma dor
Que valha o peso de estar vivo.
Mais algum predicado enfraquecido
Pelas asas ferozes do Tempo
.
.
.
Os corvos nunca trabalharam tanto.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Lamúrias

Eu expiro meus medos em hematúria,
-Do plasma aos leucócitos gagos-
A ausência, a verdade e seus rasgos
Tornam deprimente o clamor desta centúria,

E assim o sepulcro segue ileso,
Ressaltando o odor da impossibilidade
Que aplaca a existência com ubiqüidade,
O caminho segue. Vazio e indefeso,

Em minha sina, a crista de Aym,
-Suas três cabeças conduzem meu passado-
Eu sinto o veneno da víbora encarnado
Em minhas hordas infernais. Outrossim

As três conjurações salomônicas escoam
A escuridão da minha virtude atrapalhada,
Dos setenta e dois selos à tristeza espalhada,
Os mesmos erros conjurados se amontoam

Entre pilhas de índoles adoecidas,
Mais um crepúsculo vertical e sem gosto,
Penosamente engordurado, deglutido e aposto.
Assim todas as minhas perdas são oferecidas

À Balaam e sua tríade terrivelmente selada.
A voz rouca dita o que poderia ter sido,
[Quarenta legiões encarnadas no não acontecido]
A goetia de Lemegeton legitima a falta promulgada.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Clausura II

O ostíolo da impossibilidade afoga minhas sereias
Neste dilúvio de incertezas vistas de longe
Da réstia enforcada dedicada ao monge
A sombra intermitente d'aquele Nome nas areias

Nem a prece, tampouco a liturgia constritiva
Aplacam o fulgor da distância em procissão
Uma vez mais a vida sabota minha condição
Sigo entre a plenitude do Caos em comitiva

E na melodia deste inferno celestial
Busco algo além da construção bestial
A contaminação do traço que ilude a abadia,

Para os medos profanados não há pronúncia
Apenas a subordinação de Yama e a renúncia
Pois o laço das almas é a [minha] estadia.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Clausura

A hematofagia do olvido persiste
Em postular o vazio concatenado,
Enquanto o verso prossegue condenado,
A ovulação do medo nos assiste,

Uma espécie de expecta-do[r]-ação,
Aquela mesma tríade entorpecente;
O signo, a assombração, o incongruente
Laço uníssono da lasciva com.pulsão,

O específico torna sigma o destino,
Quando o tempo é torpor em desatino,
A normalidade descende do negativo,

Do não existir além da folha.
A completude não possui escolha
Pois segue o comboio do velório altivo.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Torniquete Atenuado

O Torniquete Atenuado

"O universo desta noite tem a vastidão
do olvido e a precisão da febre"
Jorge Luis Borges


Eu quero lembrar o esquecimento
Para poder, enfim, esquecê-lo,
Ou tentar, ao menos, aquecê-lo
Quando a possibilidade encontra o detrimento,

A solitude é sinuosa e não aplaca
A dor do verso indômito e recuado,
Da universalidade que é apenas postulado
Ao medo de tornar-me dependente desta cloaca

Sentimental, tal qual a condição remática
Do fracasso e toda sua precisão dramática,
Eu relego aos meus fins apenas a Icarização...

Eu quero uma noite para chamar de minha,
Eu quero não querer mais a cor mesquinha
Do estrago e seus vôos em calefação.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Histórias Mortas

Eu compilo as minhas distâncias
Numa espécie de caixão asmático,
Reiterando o ausente plasmático
Desta vida repleta de rutilâncias,

Assim, assino o fracasso com minha sina:
Caminhar entre o silêncio residual,
Molestando demônios pelo prazer habitual
De eternizar a sutileza que assassina,

Quando a esperança espera morta
A virtude que não bate à porta,
O gesto fúnebre é sempre tentativa,

É alternativa à sodomia de existir
Entre o verso gangrenado e ainda resistir
À tristeza que não possui prerrogativa.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Solve et Coagula

Eu faço do excesso a navalha,
Que tenta, mas não exorta o Passado
Da alma, do lirismo, do estragado
Gesto vascularizado de respirar a mortalha

Daquele antigo nome em arritmia,
Que intimida o ritmo do meu íntimo,
A derrota é o algoritmo ínfimo,
Quando o vazio é a algolagnia

Da concretude do verso rendido.
Eu redireciono o escárnio existencial
Procurando coágulos na paz vertiginal,
Consumindo, assim, o abraço perdido

Da catarse que não acontece.
A posologia que recorro é incerta,
-Um quarto de saudade que fere e aperta-
Pois a dor é o signo que prevalece.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O Aviltamento do Verso

Eu abraço a escuridão que me acompanha
Numa espécie estranha de simbiose carnal,
Quando não acontecer torna-se apelo factual,
O espasmo vertido em silêncio é a façanha,

E a dor prossegue. Ela e sua foice aterradora,
Assim, inocentemente, para não deixar escolha,
Proclamo minha morada no adubo desta masmorra
Existencial. Afinal a minha salvação é caolha,

Permanece incólume perante o sorriso da vida,
Entre o hiato adverbial desta condição sofrida
E a compilação dos [meus] anseios que restaram,

É, pois, o fim da minha lírica muito justo,
Celebrar as hordas longitudinais de Augusto,
Cerebrando a eficiência do Malleus Maleficarum.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Quando os Espectros Machucam A Carne

Talvez eu pudesse nunca ter sido
esta injúria penosa que fui,
todavia, é o olvido que flui,
enquanto o peito segue amortecido,

Ai! os signos que não acontecem,
e a voz maldita, esta segue ascendida
entre não ser mais que a dor escondida
e estes medos que não me esquecem.

Outrossim, a Peste continua recordando
que sou seu túmulo, seu meio e seu consolo,
pois ainda alimento o mesmo sonho tolo
de ser bem-vindo mesmo que regurgitando

a minha solidão ofensivamente não expirada.
Eu termino repetindo a insuficiência
numa espécie de mórbida clarividência,
pois carrego [ainda] aquela consoante mal arada.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Primaveras Mortas

Pelos umbrais da decadência
Ergo, Eu, a minha pequenez:
"Insalubridade agora é sua vez
De coexistir sem reminiscência",

Pois o corte em meu instante
É a mortalha que recobre,
Cada ausência que percorre
Este eterno obstante,

Assim sigo, sabotando minhas chances;
"Espero que tu não te canses
Deste meu glaucoma sentimental"

Afinal, propago um gosto falsificado,
Pois não supero o peito fracassado.
- Sou apenas um solstício lacrimal.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Incompreensível (Como Tantos Outros)

A minha solidão é corrosiva,
Corrompe a carne a cada injunção
Destas centúrias mortas em procissão,
Pois que minha cegueira é abrasiva,

Quando o sibilo aprazível não vem
E o indizível postula um não-querer,
O ritmo do meu verso é autofágicoser,
Traz a Peste e torna a lástima aquém,

Assim, a tortuosidade faz sua morada,
E eu acabo por repetir a con-dicção malograda
De apenas assistir enquanto me consumo.

Cada nova icterícia poética que promulgo
Propõe as mesmas bilirrubinas sem vulgo,
Pois atesto o fracasso com mais este insumo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Escrita Inferior

Os meus versos são o preâmbulo
Para a discórdia que há entre
Os dias, as escamas e o ventre
Da verdade deste pacto sonâmbulo,

Se eu pudesse, fugiria das mil elegias
Que me elegem, tornando-me metalepse
De tudo aquilo que corrói e emudece
Este lirismo cansado de tantas alergias,

Quando a maldição não possui um nome,
O comboio para a dor segue conforme
Os novecentos e noventa e nove infernos,

Pois aqui a insígnia da alegria não figura.
O que me resta, senão As Montanhas da Loucura
E toda ancestralidade dos gelos eternos?


Primeiro poema do ano.