segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Repetindo a Velha Fórmula

Escrito nesta tarde...

Repetindo a Velha Fórmula

Deste punhado de canções mortas
Que carrego em minhas memórias,
Figura a saudade além das aortas,
Cortando a simetria das histórias,

Respiradas com a deformidade categórica,
Da minha inversão profunda e alegórica.
É na [in]certeza da solidão derrotada,
Que esta página [fria] é enterrada,

Se meu lirismo segue afastado,
Destituído de qualquer brilho congregado,
Por que profiro mais este verso afogado?

Talvez pela insistência [minha] mortuária,
De descrever esta sina crua e residuária,
Esquecido pela Nobreza. Feito um Pária.

domingo, 30 de agosto de 2009

Versos Interrompidos Numa Noite Não Muito Distante

Versos Interrompidos Numa Noite Não Muito Distante

A noite fria diz qual será a melodia
Que acompanhará meus pesadelos ralos
Nas neuronas doloridas fará estadia
Toda insatisfação da dúvida e seus abalos

Pois, o corpo [já cansado] diz versos secos
Na eterna espera por agrados dantescos
Do legado sujo, torto e dilacerado
Às insígnias profícuas, funestas e de mal grado

Afinal, o meu evangelho é sempre incompleto,
Falta nele...
A plenitude e a cor do regresso.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Pequenos Apontamentos para uma Tarde Estranha

Pequenos Apontamentos para uma Tarde Estranha

Estas linhas tortas descrevem estigmas
Feito enigmas pulsando das aortas
Eis que traço um traço descontínuo
Que diz como minha alma se comporta

Batendo à porta da efemeridade
As normas rogam junto ao vento
Pois eu vendo a enfermidade das formas
Deixando a boa tristeza ao relento

Então surge a melhor das propostas;
-Viver sem pensar nas respostas.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Virtude Irregular

Virtude Irregular

Eis mais uma Noite dos Vencidos,
Onde eu dedico versos esquecidos
A tudo que era pra ser e não foi,
Da minha filogênese que não compõe

Aos ditames da dor pré-estabelecidos,
Eu respiro afasia entre espasmos fatídicos,
Para a falta de conforto hemofílico
Que a morte entre nossas almas propõe.

Aqui não há mais sangue ou retorno,
Pois eu carrego nos ombros o transtorno,
De dialogar, exilado, com meu passado
Que corre doente em meu corpo coagulado,

Assim busco lâminas para meu contorno,
Utilizando versos regurgitados como adorno
À minha Ignóbil condição de amargurado;
Eu sacramento a virtude de ser fracassado.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

O Verdadeiro Tormento

O Verdadeiro Tormento

Minha sanidade tem prazo de validade
E o meu regresso é sempre incompleto
Atribuo a isso a razão do meu insucesso
Na poesia, pois ter tanta complexidade

Não ajuda, em nenhuma idade
A expor a idéia nua, crua, perfilada
Em sangrias malogradas, cruelmente dedicadas
Aos desencantos que me compõem.
É, pois, a rima que me expõe
Aos ditames arregaçados
Das palavras que ardem sem braços
Pra segurar tantas falhas,
Tantas garras em meu dorso;

- sou acometidamente a desgraça
Pungente, sem olhos, nem dente
Pra dança que a morte encena
Todas as tardes nesta praça

[Que eu já não freqüento...
Pro meu mal não há mais nem ungüento]

Sou o rompimento nervo após nervo
Entre a delícia de sofrer e o verdadeiro tormento.

Um Canto Homófono Dividido em Dois

Um Canto Homófono Dividido em Dois

A nefralgia da derrota
Sabe de mim dia dia
É isso que importa
Para a Romaria fria

Que conduz minha alma
De poeta sem calma
Do vale sisífico
Até o ausente metafísico

Onde o medo concorre
Com o apreço [cego] que escorre
Da minha dor, especialmente, restrita
Transformando em vernáculo cego
Toda a escrita aflita

Postumamente repetida e costurada
[Feito metonímia]
Em minha carne apócrifa;
Adjacente às indissolúveis insígnias
Eu tento decifrar a morte heterogrifa
Que carrego em minha poesia;

- E assim mais um dia nasce sem resposta.

sábado, 22 de agosto de 2009

Vou Dedicar Este Poema à Angústia...

Vou Dedicar Este Poema à Angústia...

Vou dedicar este poema à angústia.
Uma forma rústica de estilizar meus edemas
Literários. Inúmeros escarros e seus emblemas,
Nestas linhas plenas eu formalizo o desamparo,

A perda, meu egoísmo e figuro o retrato
Da espera. A seqüela é feita de rosas amarelas,
Hematomas da natureza que roubam minha aquarela,
Eis quando meu corpo torna a escrita pura querela,

Afinal, sou sempre meu destino abissal,
Adoeço, demasiadamente, porque penso,
Doloridamente penso, aforismos dermatológico-densos
Que eclodem daqui de dentro e externam meu final

Eu decifro ossos feito anátema(s).

Certamente sou meu maior problema;
- Como sempre.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Profilaxia Ineficaz

Escrito nesta noite...

Profilaxia Ineficaz

A tonalidade da insatisfação
Evoca o pudor dos meus fantasmas,
Exalando da distância, a sensação
De colorir palavras com aspas,

Ah! Velha saudade,
Por que estás tão estática?
Quando meu problema é residual,
Para toda temática individual,

Fincada na morada dos mortos
Moralmente, por pensamentos tortos,
Do meu psiquismo trêmulo,
Aos ditames do escorbuto e do pêndulo,

Que atestam minha decomposição sem final,
Pela ética do instante difuso e amoral,
Eu externo os problemas do meu mausoléu,
Através de uma eugenia fúnebre e sem véu.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Demônios Na Avenida

Demônios Na Avenida
Ou sobre como seria um último poema na primeira pessoa do plural

Sou convalescente com sua presença,
Mesmo que não me notes na sua existência,
Nem sinta meus planos enterrados,
Afinal eu sou aquele que foi exilado,
Dos nervos à essência, perfilado,
Pelos mil olhos ácidos da consciência.

Eu caminho pelas sobras do que foi regurgitado,
Destituído e desamparado nestas ruas,
Onde espíritos escuros degustam as carnes cruas
Do meu corpo indigesto e cansado.

Eu nem sei mais respirar sem teu nome,
Porém a vida é fatigante e segue disforme,
E esta é a melodia para o fim dos [nossos] dias.
Assim termina mais uma epopéia de linhas frias.

Pequeno Devaneio Numa Madrugada de Inverno

Pequeno Devaneio Numa Madrugada de Inverno

Hoje, eu tento fugir da calma perfídia
Culpando meus anjos tortos por tal traição,
Um dia, quem sabe, minha escrita seja Idília
E indique mais que a certeza da putrefação...



-Quando existir cansa não há dança que nos livre do triste fardo de acordar

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Versos a um Espelho Decadente

Escrito na manhã de hoje...



Versos a um Espelho Decadente

O meu romance é necromante,
Ressuscita dores a todo instante,
Das trinta e três vértebras apodrecidas
Às árvores mortas e esquecidas,

Em meu bosque interno,
Permeado pelas flores do inferno,
Eu agrado a degradação dos laços,
Desgraçados que atormentam meus passos.

E o desprezo faz teu nome vil,
Quando o pronome me sussurra sutil,
A solidão repetida e veemente,

Que atrela sangue à palidez.
Da minha escritura sem rigidez,
Sou a criatura mais descrente!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Altum Sapere Pericolosum

Altum Sapere Pericolosum

Eu me transformo nos meus próprios erros,
Numa espécie de Licantropia mal calculada,
A personificação que retrata o medo,
E rasga a carne indigesta e putrefada,

Do meu anseio, alimentado com vértebras estragadas,
Pela esperança de sonhar sem ter as asas queimadas;

(...)

Eis a condição da realidade e seu enredo,
Propício à incerteza dos acontecimentos,
Afinal, sou, pois, o Poeta do Esquecimento,
Das doenças, do corpo humano em detrimento,

E assumo minha posição.
Desconstruo a poética,
Cravando no peito
A mesma canção corroída,
Que desmembra morfemas
E amortece a dialética,
De forma dolorida,
Procurando o sintagma do coração;

Para tanto é necessário mais que um enterro,
Por isso eu sou sempre o meu próprio erro.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Paráfrase Para uma Tarde de Inverno

"Era uma página espantosa do registro de minha existência, toda escrita com sombra e com medonhas e initeligíveis recordações"
Berenice. Edgar Allan Poe

Paráfrase Para uma Tarde de Inverno

Um diálogo sombra a sombra
Eis o que proponho
Para o gosto enfadonho
De visitar o que me assombra

Dos cortes de cada poema
Que insisto em não recitar
Às dores da minha escrita-enfisema
Nesta sala fria e singular

Eu traço diagramas sem fala
E é o vazio que me escala
Esfolando minha alma oca
Quando os dentes escapam à boca

O terror é análogo àquele odor
Da mesma moça morta, lá no canto
Que, para meu total espanto,
Emana um fantasmagórico calor!

-Abruptamente, quando abro este livro esquisito,
Por um breve momento eu esqueço que não existo.

Escrito neste exato momento.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um Relato

Um Relato

Os meus livros me assombram
Numa tríade específica de transtorno
Que edifica e concede ao meu abandono:
Lápides, covas, carne podre como conforto,

Para a ausência e sua fome
Por uma veemência sem pretérito,
Onde o sacrifício reside no espelho [conforme]
Eu sigo respirando espinhos apenas por mérito.

Outras motivações não mais me assolam,
São as pequenas considerações que me esfolam,
Pois minha verdade é apenas...
Vontade sobre vontade,

De repetir sempre os meus problemas
Dissecados num corpo sem fonemas
Que não, não mais se confrontam...

É, pois, meus livros me assombram.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Possibilidades do Verso Livre

Possibilidades do Verso Livre

Eu sou onde não existo
Insistindo onde não sou
Escrevo porque persisto
Da essência que me restou

Talvez, de um tempo não vivido
Entre as víboras do mal convívio,

Eu respiro a doença em primeira pessoa.

Sempre é o caos transcendente que ecoa
[Sobre mim
E é o manto de Caim que se ergue
Novamente e me persegue
Feito peste,
A peste e seu efeito,
Não há defeito que me reste
[saborear
Eu simplesmente não consigo mais sonhar.
[achoatéquejáescrevisobreisso]

Eu
Eu
Eu

E sempre o mesmo rastro
Exalando o exílio do fracasso
A desgraça faz seu teste
Atesta no meu corpo
As anomalias do desgosto
Eu carrego a grandeza de Teseu
-Invertida.

Quando

Nove anjos caídos me acompanham,
Talvez minha alma seja sortida.

Ou não.

Sou só mais algum fantasma,
Perfilado pela má sorte e pela asma,
[poética dos que a morte encantadoramente cantam]
Que faz do desconforto uma perversão divertida.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Tentando Manter a sanidade (?)

Anfepramonalmente Descrevo Minhas Tardes

A mão trêmula testa versos sem encanto,
E atesta minha persona com espanto,
Entre a Besta e o Outono vespertino,
Os ossos batem em ritmo libertino,

É assim a relação Poeta e desatino,
Que das mônadas refaz o triste hino,
Para a condição egoísta e angustiante, de,
Ter o coração vazado instante após instante,

Pulsando feito o vento uivante,
Nas veias da garganta conflitante,
O corpo inquieto produz caoticamente energia,
Na sinestesia que oscila do limbo que emergia,

Em mim, numa época não muito distante.
Quando palavras eram lâminas, e não obstante,
Faziam assim sua oposição conspícua,
Tracejando cortes na carne Oblíqua.

Mais uma vez a sina das minhas carnes doloridas,
E eu corro dela tomando duas pílulas coloridas.
Dia após dia.

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Olá olá!
Prosseguindo com o que tenho em mente, postar uma poesia nova todos os dias,
vou procurar não ficar comentando nos posts, justamente para enfatizar os poemas que aqui colocarei.


Samuel Malentacchi

domingo, 9 de agosto de 2009

Iniciando as Atividades

Há tempos eu possuía um blog onde colocava alguns versos de minha autoria, porém não conseguia estruturar formas coerentes de postagem. Agora, contudo, pretendo atualizar este diariamente. Veremos como me sairei =)


Pois bem, para começar, um poema que escrevi hoje...


"Ninguém pode prever o que será a partir daquilo que é" Antígona - Sófocles

O Labirinto

Meus ossos secos dizem pouco,
Sobre a letargia da falta,
E O sangue que corre rouco,
Faz descaso para razão que salta,

Das páginas [minhas] apregoadas,
Obstinadamente deslocadas,
Pelas vozes de outrora,
Que fulguram no meu agora,

Trocando olhos por pregos,
Certezas por feridas amanhecidas,
Eu caminho entre os cegos,
Reclamando por cores [ainda não] enegrecidas,

Então este vácuo sob os dias,
Se apresenta como redenções frias,
Para o soluço da Razão que falece,
Pois, sei, meu medo não me esquece.